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quarta-feira, 15 de janeiro de 2020

Tenente-coronel da PM preso em operação lidera organização de contrabando de cigarros no RN, diz Justiça Federal

Operação Níquel foi deflagrada na manhã desta terça-feira (14) no Rio Grande do Norte e também teve mandados cumpridos em São Paulo e no Pará.

O tenente-coronel da Polícia Militar do Rio Grande do Norte, André Luís Fernandes da Fonseca, preso na manhã desta terça-feira (14) pela Operação Níquel da Polícia Federal foi apontado como líder de uma organização criminosa responsável pelo contrabando de cigarros e outras mercadorias. As informações são da Justiça Federal, que expediu mandado de prisão contra ele e outras pessoas.

O juiz federal Walter Nunes da Silva Júnior, titular da 2ª Vara Federal, decretou a prisão de seis pessoas. Além disso, foram determinadas buscas e apreensões e o bloqueio de valores somando R$ 16.185.368,00.

Segundo o magistrado, o coronel Fernandes, como o oficial é conhecido, exercia função de liderança na organização. De acordo com a decisão, a suspeita é de que o grupo contaria inclusive com ajuda de dentro da Polícia Rodoviária Federal (PRF).

“O Tenente-Coronel da Polícia Militar André Luis Fernandes da Fonseca exerce função de liderança na organização investigada, possuindo domínio sobre as atividades operacionais e financeiras, bem como desempenha comando sobre os demais integrantes do grupo. Ademais, foram trazidos à investigação dados de que André Luis Fernandes comanda ações para a garantia da continuidade das operações do grupo, como blindagem de eventuais intervenções policiais, havendo suspeitas, inclusive, de que ele conta com a ajuda de integrante da Polícia Rodoviária Federal lotado neste Estado para viabilizar o escoamento do produto, tamanha a facilidade no transporte das mercadorias”, afirmou na decisão.

Em nota, a PRF informou que "disciplinares cabíveis" estão sendo adotadas pela Corregedoria Regional da instituição, e que está à disposição do Ministério Público Federal e da Polícia Federal para contribuir com as investigações.

Na manhã desta terça-feira (14), a Polícia Militar informou que abriu investigação interna sobre o caso. A reportagem não conseguiu contato com o tenente-coronel Fernandes ou sua defesa.

A decisão trouxe ainda medidas cautelares para três pessoas, que deverão comparecer mensalmente à Secretaria da 2ª Vara.

A Justiça Federal determinou que um ofício seja enviado para o Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional do Ministério da Justiça, solicitando auxílio direto do Paraguai para realizar busca e apreensão no endereço de propriedade de um dos investigados em Ciudad del Leste.

Como funcionava o esquema

Na decisão, o juiz federal afirmou que os dados colhidos indicam que os cigarros de origem estrangeira ingressam no território brasileiro através da costa marítima do Rio Grande do Norte, especificamente na região do município de Macau, na Costa Branca potiguar, através de embarcações.

Depois de aportados, os produtos seguiam em veículos - geralmente caminhões, - e eram armazenados em galpões localizados em diversos pontos na região metropolitana de Natal.

Ainda de acordo com as informações no processo, o transporte é realizado por integrantes do grupo, geralmente armados, contando ainda com informações privilegiadas sobre possíveis abordagens policiais.

Perfil

O tenente-coronel Fernandes atuava como subcomandante do Comando de Policiamento do Interior desde 2008. Ele já foi candidato a deputado em duas ocasiões, chegando à condição de suplente, e também a vice-prefeito de Macau, onde já trabalhou como comandante do policiamento regional.


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