Depois de um período turbulento dentro do clube, quando ficou fora de quatro jogos consecutivos do ABC, sem sequer ser relacionado para as partidas, após entrar em rota de colisão com a comissão técnica alvinegra, o atacante Wallyson fez um tratado de paz com o treinador Fernando Marchiori, entrou na importante partida contra o Mirassol no Frasqueirão e bastaram poucos minutos em campo para ele provar a sua importância para o clube. O reencontro do ídolo com os seus admiradores ocorreu da melhor forma possível, foi dele o gol que garantiu a vitória abecedista.
Essa relação é bastante duradoura e, de acordo com o psicólogo Émerson Soares, especialista na área esportiva, a idolatria a um atleta costuma agir de forma positiva, se o atleta em questão souber bem o papel que ocupa no meio dessa relação. O especialista ressalta que “a primeira questão é: definir o que é um ídolo; e se o atleta entende que seus comportamentos interferem e influencia a torcida e os demais jogadores, além de como ele se porta em relação à coesão grupal”.
Emerson que acompanha essa relação Wallyson/ABC com uma certa proximidade, destaca que “no caso Wallyson. ele é um atleta que sabe de sua importância para o grupo, que sabe da relevância dele para a torcida”.
“Eu estava no estádio no domingo (dia 12/06 no jogo contra o Mirassol) e pude ouvir a torcida pedindo a entrada dele ainda no intervalo, Wallyson sabe que dentre os ídolos do clube ABC, ele deve ser, senão o maior, o que está entre os maiores, e o maior das últimas décadas. O que ele passa, e que isto não é um peso para carreira dele. O atleta sabe usar isso a seu favor, quantas vezes a gente já viu ele chamando a torcida, batendo de frente com a federação e até mesmo com os técnicos. Toda vez a torcida fica a favor do atleta, ele é um jogador que tem um marketing pessoal muito forte, que sabe se vender, a torcida é apaixonada por ele”, frisou.
Como todo ser humano tem os seus lados fortes e fracos, o fato de Wallyson já ter demonstrado uma certa dificuldade de saber conviver com a autoridade de terceiros, é apontado como um dos pontos explosivos nessa relação, já que podem surgir períodos problemáticos, como o que acabou de ocorrer.
“Podemos perceber no atleta uma questão de não saber lidar com autoridades (técnicos). Não é a primeira vez que o mesmo tem problemas de disciplinas quando é confrontado. Isto pode ser um problema? Na minha avaliação sim, pois ele sendo um líder, pode conduzir o grupo para boicotar o trabalho de um técnico, que o atleta não tenha esta empatia. Levando em consideração que o atleta saiba conduzir o grupo a seu favor, exatamente por ser este Ídolo afirmou.
Esse expediente é perigoso porque pode influenciar uma espécie de efeito manada, junto ao grupo e a torcida, que pode resultar numa insatisfação geral em relação ao oponente desse ídolo.
“Já ouvi de vários atletas, ou ex-atletas, que eles faziam panelinha para derrubar o técnico. Wallyson mesmo já deu declarações deixando a entender que ele não era favorável ao trabalho do técnico Francisco Diá e ele soube conduzir uma situação onde, se for para escolher entre o técnico é o maior ídolo, a diretoria e a torcida vão, em sua maioria preferir o maior ídolo. O peso de um ídolo é muito grande e a torcida abraça o ídolo. Lembra do presidente do Barcelona, dizendo que se a torcida preferisse, ele entregaria o cargo, só para o Messi continuar no clube?”
Jogo
Passado o primeiro capítulo do tratado de paz, agora a expectativa é para saber qual será o comportamento do treinador Fernando Marchiori na partida de amanhã às 20h, contra o Ypiranga, no estádio Colosso da Lagoa, em Erechim-RS. Esta será a primeira partida após a saída de Kelvin, que se despediu do clube potiguar na rodada passada e Wallyson surge como um substituto natural no ataque.
Na vice-liderança da Série C do Brasileiro, o ABC chega ao interior gaúcho com um aproveitamento de 46,6% atuando como visitante e vai encarar um adversário que está na nona colocação, com 16 pontos ganhos, quatro pontos atrás dos potiguares e que em casa apresenta um aproveitamento de 66,6%, o que demonstra a dificuldade que Fernando Marchiori disse que a equipe iria encontrar em Erechim.
“O adversário é uma equipe muito forte atuando dentro de seus domínios, uma característica do futebol gaúcho. Eles jogam com estilo, são fortes e possuem muita qualidade também. Ou seja, o ABC terá outra pedreira pela frente e além disso ainda temos de contabilizar a dificuldade para chegar até a cidade de Erechim" , disse Fernando Marchiori.
Ícaro, um dos destaques do setor defensivo abecedista, que vem de uma série de quatro partidas invictas e que não sofre gols desde o dia 14 de maio, quando perdeu para o Botafogo-SP, em Ribeirão Preto, por 2 a 0, acredita que o clube potiguar trilha o caminho certo para colher bons frutos na competição e distribui os méritos pelo bom momento defensivo com todos os setores da equipe.
"O mérito de virmos de quatro jogos sem sofrer gols, não é apenas do setor defensivo, mas sim de todo o grupo, que inicia o combate ao adversário lá na frente. Com isso a bola do adversário chega um pouco mais quebrada lá atrás, facilitando o trabalho dos homens de defesa. O grupo inteiro está de parabéns por termos uma das defesas menos vazadas da competição", ressaltou.
Em relação aos objetivos do clube, que a cada rodada se aproximam mais de ser alcançados, o jogador salienta que a preocupação inicial é mesmo garantir o ABC na Série C na próxima temporada. Só depois de tirar esse peso dos ombros é que o grupo passará a pensar em voos mais altos dentro do Brasileirão.
"A competição está avançando, nossa equipe se mantém inserida entre os quatro primeiros colocados e o objetivo inicial é atingir o quanto antes a margem de pontos que garante a permanência do clube na competição no próximo ano, depois disso iremos passar a pensar mais fixamente na classificação para segunda fase. Nós também estamos lutando bastante para alcançar essa segunda meta", reforçou.
Ícaro espera por um jogo de muita pegada na cidade de Erechim devido ao estilo de jogo dos gaúchos, que é de muito corpo a corpo e uma disputa incessante pela posse de bola. O defensor abecedista diz que o grupo está preparado para mais esse duelo e espera trazer na bagagem mais alguns pontos importantes. A ideia é voltar com mais uma boa vitória para Natal, ele também não nega, que dependendo das circunstâncias da partida, o empate também será visto como um bom resultado.
O atacante Fábio Lima não viajou com o grupo, ele ficou em Natal depois de ganhar alguns dias de folga após o nascimento de sua filha. Com isso, Marchiori perde outra boa opção de velocidade no setor ofensivo abecedista.