Cidade, que abriga rocha de mais de 3 bilhões de anos, atrai aventureiros do mundo todo; investimentos no setor devem crescer
A cerca de 70 quilômetros de Natal, capital potiguar, está uma rocha com mais de 3 bilhões de anos, considerada o fragmento rochoso mais antigo da América Latina. Ela é patrimônio natural histórico de Serra Caiada, município com pouco mais de 10 mil habitantes, e chama a atenção dos apaixonados pela natureza, já que o cartão-postal é destaque dentro da rota de turismo de aventura do Rio Grande do Norte.
Prova disso é Ary Alecrim. Há mais de uma década, o natalense pretendia visitar um estado vizinho para praticar esportes radicais quando conheceu Serra Caiada e ficou encantado com a exuberância do lugar. Desde então, o guia turístico e instrutor de escalada investe nesse segmento e reconhece a importância econômica da atividade para a cidade.
“Aos 15 anos de idade, fui escoteiro e passei a fazer trilhas, rapel… depois cursei Administração, mas comecei a atuar no mercado do turismo com a minha empresa. Hoje, vivo em Serra Caiada e atendo grupos de pessoas que querem desfrutar da paz e da adrenalina proporcionadas pelas trilhas ecológicas”, contou ele, em entrevista ao Agora RN.
Serra Caiada. Foto: Cedida
Além de apresentar uma beleza cênica singular, Serra Caiada possui dezenas de vias de escalação, com uma geografia privilegiada para prática de trilhas. Com cerca de 350 linhas, dos mais variados tipos: boulders, esportivas e tradicionais, Caiada se tornou palco dos escaladores e, para quem curte rapel, a Serra também oferece a atividade, com uma linha negativa de tirar o fôlego e encher os olhos.
Ary, aliás, ajuda visitantes a experimentarem e usufruírem dos caminhos demarcados nos espaços de fácil acesso. “Famílias inteiras sempre me acompanham em alguns percursos mais lights, desde a avó até a criança. Não é só para o aventureiro que vem de fora, há demanda dos moradores e turistas vizinhos”.
“Também temos o roteiro full day, de dia inteiro. De manhã geralmente fazemos trilha, rapel, e depois do almoço fazemos escalada. Mas muita gente acampa, fica hospedado em pousadas no município. Tudo isso contribui para a divulgação de Serra Caiada e para o crescimento das atividades econômicas”, pontuou o guia.
O município é marcado ainda por lendas e mitos que se desenvolveram ao longo dos anos, e uma das trilhas chama atenção por ter em seu trajeto uma pirâmide. Construída em 2012 no pé da Serra, marca o ponto de observação de óvnis atraindo curiosos.
Atualmente secretário adjunto de turismo no município, Ary identificou o potencial do segmento em Serra Caiada e as possibilidades de desenvolvimento através do setor e, assim, o paraíso do Agreste Potiguar deve continuar se preparando para ser polo e destino de aventura reconhecido não só no Brasil, mas no mundo inteiro. “Já atendi clientes de todas as partes do planeta, pessoas de países como Índia, Japão, Austrália, Nova Zelândia, Inglaterra, entre outros, conheceram as belezas naturais e absorveram um pouco da nossa cultura local”.
Investimentos no setor devem continuar
A gestão municipal de Serra Caiada pretende dar prosseguimento e impulsionar ainda mais os investimentos no turismo de aventura. Além de encontros de escaladas que acontecem com frequência, a Prefeitura trabalha para viabilizar a construção de um novo mirante. “Queremos trazer novos esportes radicais para a cidade. Estamos trabalhando com voo livre de asa delta, por exemplo. Mountain bike também, tem crescido bastante a quantidade de pessoas pedalando na região”, frisou Ary.
No ano passado, o município passou a fazer parte da Rota da Tilápia, um roteiro de turismo social e gastronômico que contempla cinco cidades potiguares produtoras do pescado. Em 2019, foi realizado o Tapioca Fest, um festival que uniu a comida local e os esportes radicais. O projeto deve ser retomado em breve, após um hiato devido à pandemia da Covid-19.
Ainda em 2019, a fábrica “Delícia Potiguar” foi inaugurada no município. A equipe resolveu instalar a empresa em Serra Caiada pela localização geográfica ter uma terra ideal para o plantio da macaxeira. “A mandiocultura garante sustento de muitas famílias, pois somos um dos maiores produtores do estado e apostamos na versatilidade do produto e dos seus derivados, como a própria tapioca”, relatou Ary.