O verão acaba de começar no hemisfério sul. Com o aumento da temperatura, começa também a temporada de piscinas. Um mergulho, no entanto, pode se tornar um pesadelo. Se a água estiver infectada, há o risco de contrair doenças, como hepatite A, pneumonia, diarreia, micoses de pele e até infestação de piolhos.
"O problema é quando os sintomas de uma doença aparecem em um grande número de banhistas, que nadaram no mesmo dia e na mesma hora. Isso se chama surto. O problema foi a piscina", diz o engenheiro Nilson Maierá, consultor da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e autor do livro Piscinas Litro a Litro.
O especialista pondera, porém, que a maioria das doenças contraídas em piscinas é de pouca gravidade e de fácil cura. De toda forma, é importante se precaver.
Um levantamento do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês), dos Estados Unidos, apontou que os surtos relacionados às piscinas no país aumentaram nos últimos anos.
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Em primeiro lugar, estão as infecções por Cryptosporidium, um parasita transmitido por meio das fezes. Esses casos dobraram entre 2014 e 2016. Somente no Estado de Ohio, 1.940 pessoas ficaram doentes. Por ser resistente à água clorada, o Cryptosporidium consegue sobreviver por até dez dias na piscina. Ao ser acidentalmente ingerido por um banhista, acaba ocasionando doença.
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"O sintoma é uma diarreia que dura de quatro a cinco dias. Em um indivíduo com sistema imunológico debilitado pode ser quase intratável", explica Queiroz.
Fezes podem transmitir germes
Além de Cryptosporidium, as fezes podem transmitir muitos outros germes. Não é necessário que ocorra defecação na água.
"Na pele adjacente ao ânus existe uma quantidade de fezes que pode ser suficiente para contaminar a água", diz o médico Wladimir Queiroz, consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia. Um estudo da Universidade do Arizona indicou que, sem perceber, as pessoas carregam 0,14 grama de fezes.
Também estão na lista das principais doenças contraídas nas piscinas americanas as bactérias Pseudomonas (que causa diferentes tipos de infecções, como otite externa), Shigella (disenteria), Legionella (pneumonia), E. coli (gastroenterite), o Norovírus (que causa gastroenterite) e o parasita Giardia (que causa infecção intestinal).
Os próprios produtos químicos usados para desinfetar a água também podem causar problemas ao organismo. "É comum olhos vermelhos e otites sem gravidade (denominada de otite de nadador). Felizmente, para pessoas sensíveis existem óculos de natação para proteção dos olhos e os tampões de ouvido", diz Maierá.
Como se proteger
Há alguns sinais de limpeza que podem ser observados por qualquer pessoa antes de dar um mergulho. A água, por exemplo, deve ser cristalina e não turva, podendo ver o chão. As bordas e azulejos não podem estar pegajosos ou escorregadios - é nesse lodo que a bactéria Legionella fica e, no caso de piscinas aquecidas, pode ser inalada ao se misturar no vapor. Outra sugestão é ficar atento ao barulho do motor de filtragem para saber se está funcionando.
Mesmo em uma piscina limpa, contudo, há o risco de haver contaminação, já que alguns germes não morrem imediatamente após o início do tratamento da água, como o Cryptosporidium, o vírus da hepatite A, a tênia e até piolhos.
De acordo com o CDC, os piolhos conseguem sobreviver submersos na água clorada por várias horas. Embora o risco seja pequeno, é possível que alguns possam se soltar dos fios. "Se eles ficarem na superfície da água, podem perfeitamente trocar de cabeça", diz o infectologista Queiroz. Cabelos presos ou touca podem evitar a contaminação.
Queiroz ressalta ainda que o risco de doenças não está apenas dentro da piscina, mas também em volta dela. "De uma maneira geral, o cloro mata os fungos, porém na água em volta da piscina, naquele chão molhado, o cloro evapora muito rápido, especialmente no calor. É um local excelente para a proliferação de fungos porque todos estão andando descalços", afirma o médico. Lavar e secar bem os pés e usar chinelos são algumas medidas para evitar que a pele fique suscetível a infecções fúngicas.
O exame médico para avaliar a pele dos usuários, mesmo sendo obrigatório na maioria dos Estados brasileiros e com durabilidade de seis meses, não parece ser muito eficaz. "Países desenvolvidos não adotam esse procedimento porque esse exame é apenas uma radiografia do estado da pele no dia", explica Maierá.