Rainha do rock, do pop, e de uma carisma sem igual na música popular brasileira dos últimos 50 anos, Rita Lee saiu de cena na última segunda-feira (08), ao falecer em casa, aos 75 anos, em São Paulo. A cantora enfrentava um quadro de câncer no pulmão. A notícia, divulgada pela família na terça-feira, causou a comoção esperada de uma grande artista popular, gerando declarações emocionadas de fãs de variadas gerações e segmentos.
Em abril de 1991 ela deixou as imagens mais bonitas de suas passagens por Natal
Rita Lee chegou a vender algo como 55 milhões de discos, ficando atrás apenas de Tonico & Tinoco, Roberto Carlos e Nelson Gonçalves. Sua transmutação artística foi um dos movimentos mais bem sucedidos de seu meio. Surgida na psicodelia tropicalista ao lado dos Mutantes (1966-1972), de Sergio Dias e Arnaldo Baptista, Rita migrou para um rock and roll mais ortodoxo no passo seguinte, ao lado do grupo Tutti Frutti (1973-1978).
Em seguida, a partir dos anos 80, partiu para um som mais radiofônico, pop e dançante com o companheiro Roberto de Carvalho. Com isso, abriu três frentes distintas e poderosas de público, não necessariamente complementares. Há os fãs da Rita seminal dos Mutantes, os fãs da Rita rock raiz e os fãs da Rita de Roberto. E há os fãs de todas as Ritas.
A Rita persona extra artística também ganhou respeito e admiração por sua coerência entre o que cantava, o que dizia e o que fazia. Outsider por força da doença nos últimos anos, mas também por uma postura muito anterior a ela, antimídia, cedendo entrevistas apenas por e-mail e avessa a exposições, trazia nas canções seu pensamento ácido, crítico, inconformado e sagaz.
Para saber o que ela pensava, no amor e fora dele, basta ouvir canções como “Ovelha Negra”, “Mania de Você”, “Lança Perfume”, “Agora Só Falta Você”, “Baila Comigo”, “Banho de Espuma”, “Desculpe o Auê”, “Amor e Sexo”, “Reza”, “Menino Bonito”, “Flagra” ou “Doce Vampiro”, entre muitas outras que se tornaram temas de novela, comerciais e hits de rádio FM.
Em abril de 1991 ela deixou as imagens mais bonitas de suas passagens por Natal
Rita se aposentou dos palcos em 2012, quando tinha 64 anos. Uma de suas últimas aparições à frente de uma banda se deu em um show no Circo Voador, Rio de Janeiro. "Queria dizer que esse é o meu penúltimo show, mas já considero o último. É...Vou me aposentar dos palcos", ela disse. Um outro foi feito dias depois, em Aracaju, Sergipe, tumultuado por uma truculenta ação policial. E vieram ainda mais dois, um em Brasília e outro no Centro de São Paulo.
Fã de Natal
Rita Lee adorava Natal. Numa entrevista à Folha de São Paulo, em 1978, citou a cidade como o lugar que iria para se afastar das preocupações. “Lá é tudo mais fácil, as pessoas pescam”, disse, com seu humor habitual. E Natal também adorava Rita. Em 1977, ela fez com que mais de 500 pessoas aparecessem na porta da Rádio Nordeste, onde estava dando uma entrevista. O publicitário Tertuliano Pinheiro, locutor na época, contou que foi preciso chamar a polícia para conter o tumulto.
As fotos foram tiradas por João Maria Alves
Foi em abril de 1991 que Rita deixou as imagens mais bonitas de suas passagens pela capital potiguar. O fotógrafo João Maria Alves estava lá. “Fui convidado pelo grande amigo dela em Natal, Chico Miséria, para fazer as fotos. Fomo para o Hotel Imirá, na Via Costeira. Ela estava na praia, esperando os jornalistas”, conta. Rita foi super simpática e falou do apreço pela cidade e por seus amigos potiguares.
Os registros em preto e branco de Rita Lee na praia já foram exibidos em três exposições de João Maria. A primeira, na Capitania das Artes, foi uma homenagem aos seus 70 anos. A segunda, no hall do Teatro Riachuelo, e a terceira, no Bardallos. As mostras também traziam fotos de Rita em shows mais recentes, como no anfiteatro da UFRN. As lentes de João Maria nunca deixaram de saudar a rainha.
Fonte: BLOG DO PKD
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