O monumento histórico número um do Rio Grande do Norte e símbolo maior de Natal ganha, enfim, seu primeiro documentário: “A dança da história – Vida e obra de uma fortaleza”, é um filme escrito e dirigido por Carito Cavalcanti e Fernando Suassuna, que será lançado nesta terça-feira (31), às 20h, no Youtube. Filmado durante a fase final da restauração da Fortaleza dos Reis Magos, em 2021, o curta de quase 25 minutos faz um registro repleto de camadas sobre a construção de 425 anos, abordando história, arquitetura, arte e filosofia.
Carito define o filme como um resgate da memória afetiva potiguar ligada ao marco de fundação da capital. O documentário nasceu a partir do senso de oportunidade dos diretores: os dois foram procurados pela empresa responsável pelo restauro, para realizar um filme sobre a obra. Mas Carito e Fernando tinham mais em mente. “Sugerimos ir além do registro das obras, e produzir um documentário sobre a própria fortaleza, algo inédito. Um filme com o patrocínio da empresa, mas que fosse além do institucional”, diz. E assim foi feito.
“A dança da história” alterna fatos históricos, detalhes do processo de restauro, reflexões filosóficas e poéticas. Carito e Fernando tiveram total autonomia para construir a narrativa e o roteiro. “Foi um desafio sintetizar a história de um lugar com tantos séculos e fatos, mas conseguimos fazer algo que não fosse superficial e ao mesmo tempo fugisse do lugar comum”, diz, ressaltando que a ideia nunca foi fazer um documentário puramente didático.
O filme utiliza imagens filmadas durante a obra de restauro
O filme costura imagens filmadas durante a obra, imagens de arquivos variados (do Iphan à PS Engenharia e Facebook), e depoimentos de pessoas dos mais diversos segmentos. Cada qual para “descobrir as fortalezas que existem dentro de cada um”, segundo Carito. Portanto, há falas Carmen Alveal, professora de história da UFRN; os arquitetos e urbanistas Haroldo Maranhão, Nilberto Gomes e Carlos Suassuna; Onésimo Santos, arqueólogo; Mirabô Dantas, músico; Pablo Capistrano, professor, escritor e filósofo; o engenheiro Álcio Pereira; a bailarina Thaíse Galvão, entre outros.
Carito ressalta que não é uma mistura aleatória de pessoas. As referências de cada um formam uma argamassa de pedra, cal, lembranças, fatos e possibilidades. É o caso do mestre de obras Neto Leocádio, que nunca tinha entrado no forte, mas agora quer que o neto saiba que seu avô trabalhou ali. Thaíse Galvão dançou pela fortaleza. Mirabô Dantas cantou e tocou para ela, e Pablo Capistrano refletiu sobre a passagem do tempo e seus significados – inclusive, a “dança da história” é uma fala dele que virou nome do filme.
O próprio Carito tem uma história antiga com a fortaleza da barra. Ele alcançou os históricos festivais contraculturais que aconteceram no local entre o final dos anos 70 e começo dos 80. Carito se apresentou por lá em 1984, com sua banda Fluidos. Nomes como Jardes Macalé e um ainda desconhecido Chico César também tocaram entre as velhas muralhas.
Além das ligações culturais e afetivas com o forte, Carito também é arquiteto de formação, e sempre teve esse espaço como um objeto de admiração e estudo. “Quando eu estudava em Madri, na Espanha, que é um lugar de amplo material histórico, aprendi que todo estudo de uma obra arquitetônica também deve provocar reflexões sobre a mesma. O documentário é uma forma encontramos de fazer isso, pela primeira vez com o forte”, diz.
Forte ou fortaleza
Forte ou fortaleza? Para Hélio Galvão, autor de um dos livros mais relevantes sobre a edificação, o correto é fortaleza, pois a primeira denominação seria mais adequada a uma construção temporária. O fato é que em janeiro de 1598 foi iniciada a construção da obra que daria origem à capital potiguar um ano depois. Em 1633 foi ocupada pelos holandeses e se tornou o Castelo Keulen. Foi desativada no final do século 19, e tombada como patrimônio histórico em 1949.
Serviço
Lançamento virtual de “A dança da história – Vida e obra de uma fortaleza”. Terça-feira (31), às 20h, no YouTube da Praieira Filmes.
Fonte: BLOG DO PKD
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