O Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial no Rio Grande do Norte (SENAI-RN) apresentou, nesta quinta-feira (25), o protótipo do Selvagem Elétrico, o primeiro buggy elétrico concebido no Brasil para uso nas dunas.
A apresentação foi realizada no Workshop Brasil-Alemanha de Veículos Elétricos, realizado presencialmente, em Natal, na Casa da Indústria, e transmitido ao vivo no canal HIT – Hub de Inovação e Tecnologia, no YouTube.
“O buggy está criado. Concluímos a etapa de montá-lo e fazê-lo rodar”, disse Rodrigo Mello, diretor do departamento regional do SENAI-RN, do Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis e do Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis (CTGAS-ER), do SENAI.
“Estamos lançando o produto hoje e segue, agora, o processo de evolução do carro, com testes, análises de desempenho e a definição da política comercial por parte da Selvagem”, complementou.
O desenvolvimento do projeto é realizado em parceria com a indústria de veículos Selvagem, como parte do Projeto Verena, que o SENAI-RN e o CTGAS-ER executam, desde 2018, no Brasil, com a Câmara de Indústria e Comércio da cidade de Trier (EIC Trier), da Alemanha.
O projeto do veículo é liderado pelo CTGAS-ER, e realizado em parceria com especialistas alemães e a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).
Competitividade
O presidente do Sistema FIERN e do Conselho Regional do SENAI-RN, Amaro Sales de Araújo, destacou, no início do Workshop, que o Rio Grande do Norte tem nas energias renováveis uma nova fonte de força para a economia e que ver o primeiro carro desenvolvido no estado movido à eletricidade é motivo de orgulho.
“O papel da FIERN (Federação das Indústrias do estado) é provocar o desenvolvimento e espero que a gente possa transformar essa energia em mais competitividade para as indústrias e benefícios para as pessoas”, disse ele.
Rodrigo Mello, do SENAI, ressaltou que a sociedade vive um momento de mudanças, que isso demanda produtos diferentes e mais sustentabilidade – o que também se aplica à indústria de veículos. “Isso virou ponto de competitividade”, frisou.
Andreas Dohle, consultor da EIC Trier, por sua vez, ressaltou a importância da proximidade de instituições que promovem pesquisa e inovação tecnológica com a economia e que o projeto é “um ponto de partida” nesse sentido. “Quando a gente faz projetos desse tipo a gente cria provocações para que a realidade aconteça”, disse ele, no evento.
Zanarde Neves, sócia-proprietária da Selvagem, definiu o desenvolvimento do buggy elétrico como “uma conquista revolucionária e inovadora”. “E não vamos manter o projeto na prototipagem. Vamos levá-lo adiante”, antecipou.
O veículo, agora montado, segue em fase de testes e uma das perguntas que deverá ser respondida no decorrer do projeto é o preço estimado do modelo.
A expectativa, segundo a indústria, é incluir o veículo na linha de produção e enviar o novo Selvagem – assim como ocorreu com o convencional – não só para outros estados do Brasil, mas também para o exterior.
O carro tem velocidade máxima estimada em 120 quilômetros por hora (Km/h). A autonomia, no atual estágio do projeto – ou seja, a distância que conseguirá percorrer com baterias cheias, antes de precisar de recarga – é estimada em 100 km. A partir dos testes que serão realizados e de possíveis alterações futuras no veículo, o número poderá ser elevado.
“Esse é um protótipo, um estudo inicial que será desenvolvido. Vamos estudar e ver as melhorias necessárias”, disse o coordenador do projeto no CTGAS-ER, Davinson Rangel.
O carregamento do buggy é possível em tomadas domésticas, com necessidade de 3 a 4 horas para uma recarga completa.
Capacitação
O projeto de desenvolvimento nasceu em 2020 e tem previsão de conclusão no final de 2023, diz Rodrigo Mello, diretor do SENAI. “Nós esperamos ter um carro capaz de cumprir toda a rota de turismo que hoje os passeios fazem, com o mesmo conforto e desempenho que originalmente as unidades do Selvagem possuem”, acrescenta.
O desenvolvimento teve largada com um período de capacitações da equipe, promovido pela Alemanha.
Agora, a experiência gerada com o projeto alimenta a construção de outra iniciativa, de olho no setor: o primeiro curso de formação profissional do Brasil em conversão de veículos elétricos. O programa de capacitação está sendo concebido no CTGAS-ER.
Expansão alemã
Os professores alemães Norbert Sudhoff e Thomas Brack, que ajudaram a treinar a equipe e também puseram a mão na massa na fase de montagem do buggy, participaram do Workshopp destacando o desenvolvimento da eletromobilidade da Alemanha na indústria, no comércio e na formação profissional.
O crescimento, segundo Sudhoff, ocorre de forma expressiva, especialmente a partir de 2017, com tendência de ritmo acelerado também nos próximos anos. Hoje, acrescentou ele, há filas de espera por carros elétricos no país. “É preciso esperar um ano para receber um carro elétrico. É um mercado excepcional”, disse.
Brack, por sua vez, frisou que a tecnologia passa por mudanças e a formação de profissionais no país acompanhou esse movimento, mas há desafios.
“Há ‘cabeças de gasolina’ que ainda precisam se adaptar às novidades tecnológicas e a trabalhar em alta voltagem”.
O Workshop Brasil-Alemanha de Veículos Elétricos contou com a presença do Cônsul Honorário da Alemanha em Natal, Axel Geppert, de diretores da Federação das Indústrias do Rio Grande do Norte, de representantes de indústrias e de instituições de ensino e pesquisa.
Gilson Piovesan, Global Head of Commercial eMobility da WEG, André Pinto, Diretor de Operações do Grupo PGPRIME, Paulo Rocha, da Buda Motors Mitsubishi, e José Antonio de Souza Brito, Gerente Corporativo de Pesquisa e Desenvolvimento do Grupo Neoenergia, participaram de painéis inseridos na programação do evento.
Dados técnicos do Selvagem Elétrico
Autonomia estimada: 100 km
Velocidade máxima de 120 km/h
Potência do Motor: 23,5 kW, aproximadamente o dobro da potência existente em kits de conversão de veículos disponíveis no mercado para carros de passeio.
Potência da bateria: 11.2 kW
Vantagens
Redução de ruído;
Redução no custo com manutenção;
Economia no gasto com combustível de 80% em relação ao veículo a combustão;
0 emissão de CO2.
Fonte: Blog do Pkd
Nenhum comentário:
Postar um comentário