O pesquisador e escritor Oswaldo Lamartine (1919-2007) descreveu o sertão potiguar como um cenário de histórias, personagens, e culturas ancestrais. O fotógrafo Vlademir Alexandre captou o olhar do mestre para inspirar sua própria visão, resultando na exposição “Rastejar – No rasto de Lamartine”, que será aberta neste sábado, às 16h, na Pinacoteca do Estado. A mostra traz 37 imagens que retratam costumes e cenários do sertão profundo, e que percorrem alguns dos caminhos que Lamartine cruzou para escrever sua obra fundamental sobre o interior dos potiguares.
A exposição reúne imagens que Vlademir fez ao longo de 20 anos, algumas, muito antes de conhecer a obra de Oswaldo Lamartine. “Há uns quatro anos estava conversando com amigos sobre cultura e sertão, e claro que chegamos a Lamartine. Fiquei fascinado pela história dele e me aprofundei em seu trabalho. Vi que já tinha fotografado muito material que se conectava com a visão sertaneja dele, e daí surgiu a ideia de montar essa exposição”, conta à TRIBUNA DO NORTE.
As lentes do fotógrafo refletem as páginas de Oswaldo ao registrar imagens de vaqueiros, sua indumentária e suas lidas, açudes cheios na invernada, ribeiras, as facas de ponta, e até uma panela de canjica fumegante. Vlademir ressalta que procurou fugir dos estereótipos do sertão de chão rachado, com pessoas de rosto marcado e plantas secas, preferindo um sertão verde, abundante e vivo. Atrelados às telas, também há textos de Oswaldo e do próprio fotógrafo, uma forma de alinhar as perspectivas dos dois autores sobre o sertão.
O objetivo da mostra é fazer com que os visitantes tenham a oportunidade de fazer uma “imersão transversal na obra de Lamartine”, diz Vlademir, já que ela é atravessada pela própria impressão do fotógrafo. “Quando estava fazendo e selecionando as fotos da exposição, pensei na pesquisa dele, na temporalidade de sua obra. Oswaldo escrevia sobre o que ele chamava de 'o sertão de nunca mais', que ele achava que não existia mais, mas que eu procuro resgatar um pouco nas minhas imagens”, explica.
Vlademir destaca a capacidade de Lamartine em fazer um mapeamento técnico e preciso sobre os costumes do Seridó, mas com a força da poesia e da cultura popular, “o que o torna singular”. O fotógrafo já pensava no sertão como um campo de possibilidades.
“A diversidade cultural e os saberes do aparente simples, que mesmo quando extraídos por uma metodologia acadêmica, podem afirmar o compromisso de respeito a natureza das formas, verbos e fazeres dos povos do campo”, disse o fotógrafo. Um exemplo disso é o título da exposição, que faz menção a um vocabulário sertanejo. “Não se trata de uma fala errada, mas um vocabulário sertanejo com sua condição respeitada. E o rastejar é uma prática sertaneja que usei pra falar sobre minha busca de sentimentos da imagem”, explica.
Impressas no melhor material “canvas museum” para fine art, as 37 telas de tamanhos variados possuem 100 anos de garantia e estarão à venda. A exposição conta com apoio da Fundação José Augusto.
Cientista social e fotojornalista, trabalha com mídia visual, fotografia e produção de vídeo há 27 anos. É arte educador e professor de fotografia. Membro do Coletivo daFOTO!, atua em assessoria institucional nas áreas de indústria, legislativa, campanhas políticas e publicitárias, jornais (Tribuna do Norte, Estado de São Paulo, Novo Jornal) e revistas nacionais e locais. Já produziu para instituições como Petrobras, Governo do Estado, Assembleia Legislativa, SENAC, Câmara Municipal e Prefeitura do Natal.
Serviço:
O que: Abertura da exposição “Rastejar – No rasto de Lamartine”, por Vlademir Alexandre
Quando: Sábado (30), às 16h
Onde: Pinacoteca do Estado
Aberta até 14 de agosto
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