As fortes chuvas dos últimos dias em Natal têm provocado transtornos para além dos alagamentos e do transbordamento de lagoas de captação registrados na cidade. O surgimento de buracos e crateras nas vias da capital podem ser observados em várias regiões. É um problema que prejudica motoristas e traz riscos à população. Na avenida Juvenal Lamartine, próximo ao Canal do Baldo, na zona Leste, um grande buraco na pista denuncia a fragilidade da infraestrutura da cidade: o solo cedeu e levou embora parte do calçadão localizado às margens da via, bem como o asfalto.
A proteção entre o calçadão e o Canal do Baldo também cedeu e uma tubulação está exposta. Com a cratera, apenas uma faixa e meia da pista que liga a avenida Prudente de Morais ao viaduto está liberada para o tráfego. As rachaduras no asfalto ao redor do buraco indicam que o problema pode se agravar. O local está interditado com uma placa de sinalização da Secretaria de Obras Públicas e Infraestrutura de Natal (Semov) e com sacos.
Ainda na Juvenal Lamartine, na pista contrária, outro buraco também levou à interdição de parte de uma das faixas da via. Além do local, a TRIBUNA DO NORTE percorreu outras vias da capital e constatou a existência de buracos e crateras em vários delas. Na avenida Doutor Mário Negócio, no bairro das Quintas, zona Oeste de Natal, os serviços de reparo por causa da abertura de uma cratera no último dia 6, continuam.
Por lá, como acontece desde que o problema surgiu, o trânsito segue sendo desviado pela rua Presidente Leão Veloso para quem está na via e quer seguir em direção à zona Norte. Outras regiões da cidade também apresentam grandes problemas por causa do surgimento de buracos. Na avenida dos Caboclinhos, em Nova Natal, na zona Norte, uma cratera se abriu há cerca de dois meses. Segundo informações de moradores da região, as recentes chuvas aumentaram o tamanho do buraco, que ocupa praticamente metade da rua.
O local foi sinalizado pela Semov e moradores colocaram pneus no entorno para que acidentes sejam evitados. Na rua Santo Inácio de Loyola, no bairro de Igapó, também na zona Norte, outro buraco. Os moradores disseram que o problema é reincidente. Segundo eles, a cratera se abriu há dois anos, foi tapada, mas voltou com as recentes chuvas. A rua costuma, inclusive, sofrer com alagamentos.
Na avenida Tavares de Lira, no bairro da Ribeira, na zona Leste, um buraco na via está entupido de lixo. Pedaços de gesso e sacos sinalizam a área. O buraco está localizado próximo à esquina com a rua Doutor Barata. De volta à zona Oeste de Natal, mais registros do problema que aumentou com as chuvas.
Na rua Santa Cristina, em Felipe Camarão, um grande buraco havia surgido há cerca de um mês. Na noite de segunda-feira (21), a reportagem constatou que o local havia recebido reparos, mas a região onde o problema foi registrado ainda estava interditado para o tráfego. Ainda na mesma rua, a pouco metros a frente, mais buracos.
Para quem trafega diariamente pelas ruas da cidade, a reclamação sobre os buracos é constante. Além de prejuízos, os transtornos por causa dos desvios provocados pelas crateras, preocupam e aborrecem os motoristas. O militar Acreone Melo, de 57 anos, reclama dos problemas nas vias e conta que teve prejuízos na semana passada em razão dos buracos.
“Estourei um pneu e tive que comprar um [pneu] zerado. Foi na Ribeira. É preciso dar um jeito, fazer alguns reparos, porque a situação está complicada. Eu ando muito pela região da Ribeira e vejo que é uma área bastante difícil em relação aos buracos”, desabafa.
O motorista de aplicativo, Daynne Alves, que transita diariamente pelas vias da capital, também tem muitas reclamações a fazer. “Passo cerca de 10 horas por dia nas ruas e os buracos são um problema. Com as chuvas, eles aumentaram. É complicado, porque danifica nosso instrumento de trabalho, que é o carro”, afirma.
Alves disse que costuma trafegar principalmente pela zona Sul e pelo Centro da cidade e que o problema dos buracos é constante. “Eu sempre transito muito pelos bairros de Ponta Negra, Capim Macio, Lagoa Nova, Alecrim e Centro e percebo que nos últimos dias apareceram vários buracos. A maioria não é grande, mas há o risco de prejuízos ao carro”, afirma.
Emanuel Sena, de 38 anos, reclama, especialmente, da zona Norte da capital. “A cidade está bem esburacada, principalmente, na zona Norte (Avenida das Fronteiras, Boa Sorte, Maranguape) e algumas vias na Cidade Alta. A situação está bem complicada”, comentou o motorista.
Semov não detalha situação das ruas de Natal
A TRIBUNA DO NORTE entrou em contato com a Secretaria de Obras Públicas e Infraestrutura de Natal (Semov) para comentar sobre como estão as vias da capital diante das fortes chuvas na cidade. Carlson Gomes, titular da pasta, falou à reportagem, mas não deu detalhes de quantas ruas precisam de reparos atualmente. “Temos os dados, mas não estou com acesso ao sistema no momento”, disse Gomes.
O secretário explicou que a população pode fazer reclamações sobre buracos e lagoas de captação no aplicativo “Natal Digital”, da Prefeitura. Em conversa com a TN na segunda-feira (21), o titular disse que a previsão é de que as obras na avenida Doutor Mário Negócio, nas Quintas, sejam concluídas na próxima semana. Nessa terça-feira (22), o secretário foi procurado novamente para comentar sobre as demais crateras encontradas pela reportagem, mas não deu retorno até o fechamento desta edição.
Carlson Gomes afirmou, na segunda-feira, que a Semov estuda aumentar o número de equipes nas ruas para elevar a quantidade de vias assistidas pelas ações da Secretaria. “A gente está trabalhando para aumentar o volume de recursos e, consequentemente, os contratos para termos mais equipes, a fim de alcançar o maior número possível de ruas e avenidas. Estamos trabalhando para adotar contratos separados por zonas da cidade”, declarou.
Segundo ele, no entanto, o aumento no número de equipes não deve acontecer imediatamente. “É preciso observar que, no poder público, primeiro se usa o orçamento para fazer licitações. Aí, tem um período de praticamente 60 dias para dar início às ações e isso pode aumentar os problemas dos buracos. Estamos aguardando a liberação da segunda etapa do orçamento [do Município] para fazer novas licitações”, esclareceu.
O secretário explicou, ainda, que a prioridade no momento são os problemas maiores e que, depois, os pequenos buracos devem receber reparos. “No momento, nosso foco são essas maiores crateras. Tivemos muitos problemas de grandes proporções e as equipes têm que diminuir o trabalho de pequenos buracos para atender às demandas maiores, em razão dos impactos no trânsito”.
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