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quinta-feira, 17 de fevereiro de 2022

Chuva em Petrópolis: Cinco soluções para evitar que tragédias se repitam

Políticas de habitação, alertas de risco pelo celular e criação de 'cidades esponja' são caminhos para reduzir riscos de deslizamentos e enchentes
Tragédia em Petrópolis deixou dezenas de mortos; remanejamento da população em área de risco deve ser prioridade
Desastres como o ocorrido em Petrópolis reforçam a importância de políticas habitacionais no Brasil que retirem de forma permanente a população de áreas de risco. Ao mesmo tempo, será preciso investir em produzir e comunicar bem os alertas para que, em situações de urgência, quem vive em áreas de risco tenha tempo de deixar suas casas. 
Especialistas ouvidos pelo Estadão afirmam ainda que medidas como a recomposição vegetal de encostas e margens dos rios também contribuem para tornar as cidades menos suscetíveis a desastres. Os deslizamentos em Petrópolis, que deixaram dezenas de mortos, ocorreram após uma chuva intensa e concentrada. 
Temporais como este devem se tornar mais frequentes com o aquecimento global, afirmam os cientistas. Mudanças na temperatura do planeta alteram o regime de chuvas e podem provocar tempestades fortes, que atingem determinadas áreas em poucas horas. 
Veja a seguir cinco soluções apontadas por especialistas para evitar que desastres como o de Petrópolis se repitam:

Auxílio-aluguel, uso de imóveis ociosos e parceria para obras
É preciso apostar em políticas de habitação para que populações em áreas de risco sejam remanejadas de forma permanente, afirma Pedro Côrtes, geólogo e professor da Universidade de São Paulo (USP). Isso pode ocorrer de diferentes maneiras: pagamento de auxílio-aluguel, compra de imóveis para realocar a população das áreas de risco e até a criação de novos bairros em regiões seguras são alternativas.
“O volume extraordinário de chuva assusta, mas isso não isenta o poder público de um trabalho de prevenção”, afirma o pesquisador da USP. Em São Paulo, por exemplo, uma das possibilidades é o uso de apartamentos vazios na região central, diz o especialista.

Estratégia semelhante foi adotada pela prefeitura de Maricá (RJ), que anunciou a compra de imóveis desocupados para alocar quem mora em regiões vulneráveis. O remanejamento, no entanto, enfrenta barreiras econômicas. 

“Com os interesses imobiliários em uma cidade, é muito difícil imaginar que vamos encontrar áreas seguras para ter moradias para todo mundo”, pondera Victor Marchezini, sociólogo de desastres e pesquisador do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden). 

Se há dificuldade em realocar a população, obras e parcerias com os moradores podem ajudar a mitigar os riscos. Marchezini cita uma solução adotada para encostas no Recife: a prefeitura entra com material de construção e apoio técnico e os moradores com mão de obra para fazer reparos contra deslizamentos. 

Nem sempre as obras, porém, dão conta de desastres causados pelo grande volume de chuvas.

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