O presidente Jair Bolsonaro voltou a elevar o tom de suas declarações nesta semana, o que alguns críticos veem como uma tentativa de desviar o foco de uma série de notícias recentes negativas para o seu governo, como a denúncia criminal apresentada contra seu filho mais velho, o senador Flávio Bolsonaro, e a derrota eleitoral de sua principal referência externa, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Bolsonaro, que até o momento não congratulou o democrata Joe Biden pela vitória sob Trump, aproveitou um discurso na terça-feira (10/11), em cerimônia sobre o setor de turismo, para polemizar com o futuro presidente americano, afirmando que o Brasil precisaria de "pólvora" para fazer frente à ameaça de retaliação comercial — durante a campanha, Biden disse que isso poderia ser feito caso o desmatamento não pare na Amazônia.
No mesmo evento, Bolsonaro defendeu que o Brasil "tem que deixar de ser um país de maricas" e "enfrentar de peito aberto" a pandemia de coronavírus. Mais cedo, ele comemorou a suspensão (já revertida) dos testes da CoronaVac, vacina contra coronavírus desenvolvida pelo Instituto Butantan que pode render dividendos políticos a um de seus principais adversários, o governador de São Paulo, João Doria.
Para completar a "tempestade perfeita" que ganha forma contra o presidente, candidatos apoiados por ele nas maiores capitais do país devem ir mal na eleição municipal de domingo, segundo apontam as pesquisas eleitorais.
Além disso, Bolsonaro ainda não conseguiu viabilizar a criação de um novo programa de transferência de renda mais robusto que o Bolsa Família para ser implementado após o fim do auxílio emergencial (hoje em R$ 300) em janeiro. Sem isso, corre o risco de perder a popularidade conquistada esse ano. A lista de problemas ainda inclui um apagão grave no Amapá e queixas do ministro da Economia, Paulo Guedes, com o aumento da dívida pública e a falta de privatizações.
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