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sábado, 25 de julho de 2020

Retorno das aulas no RN pode colocar em risco a saúde de 212 mil pessoas

Estudo da Fundação Oswaldo Cruz aponta que o Rio Grande do Norte tem 6,05% da população em situação de risco potencial de contaminação pelo novo coronavírus, caso as aulas presencias sejam retomadas de forma precoce e sem ações segurança biossanitária; Secretaria Estadual de Educação diz que retomada depende do cenário epidemiológico

A volta às aulas presenciais no Rio Grande do Norte, marcada provisoriamente para o dia 17 de agosto, representa potencial risco para 212 mil potiguares, segundo dados da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). O grupo é formado por idosos e os adultos com problemas crônicos de saúde que convivem diariamente com crianças e adolescentes em idade escolar (4 aos 17 anos).

A quantidade de pessoas que ficará exposta ao novo coronavírus foi calculada por análise da Fiocruz com base na Pesquisa Nacional de Saúde (PNS 2013), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Os pesquisadores relacionaram os dados das crianças em idade escolar e os dados dos grupos populacionais que se encontram nos chamados grupos de risco da Covid-19: adultos (entre 18 e 59 anos) com alguma comorbidade (diabetes, doença do coração ou doença do pulmão) e os idosos (com 60 ou mais anos).

Com isso, o estudo aponta que 6,05% dos potiguares se encontra em situação de risco potencial de contaminação pelo novo coronavírus. O valor é o maior de todo País, segundo a pesquisa da Fiocruz.

Segundo o estudo, a população potiguar com algum tipo de problema crônico de saúde representa um total de 74,2 mil pessoas. Já os idosos são 137,8 mil, o que representa 3,93% da população. O Estado, inclusive, também tem o maior número relativo de idosos.

Ainda de acordo com Fiocruz, a partir de um boletim sobre a retomada das atividades educacionais, a volta às aulas só poderá acontecer com a transmissão da Covid-19 controlada. A rede hospitalar deve disponibilizar pelo menos 30% de leitos disponíveis.Além disso, é necessária a diminuição do número de mortes pelo menos nas últimas três semanas. Por fim, o sistema de saúde deve estar pronto para detectar, testar, isolar e tratar pacientes e rastrear contatos.

As escolas precisam ter um plano detalhado de medidas sanitárias, higienização e garantia de distanciamento entre as pessoas. Isso porque o retorno da atividade escolar, segundo a Fiocruz, coloca os estudantes em potenciais situações de contágio. Mesmo que sejam adotadas medidas de segurança, a falta de controle sobre o comportamento dos estudantes representam potenciais situações de contaminação por Covid-19. “O problema é que, se forem contaminados, esses jovens poderão levar o vírus Sars-CoV-2 para dentro de casa e infectar parentes de todas as idades que tenham doenças crônicas e outras condições de vulnerabilidade à Covid-19”, explica o instituto.

Procurada pela reportagem do Agora RN, a Secretaria de Estado da Educação, da Cultura, do Esporte e do Lazer (Sec) disse está liderando a discussão sobre a retomada das atividades presenciais ao promover debate com entidades e instituições representativas do ensino público e privado. A pasta entende que a volta está condicionada a um cenário sanitário que permita segurança a comunidade escolar.

“Destacamos que, embora o decreto estadual nº 29.794, de 30 de junho, fixe como o dia 17 de agosto como data de uma possível retomada, não existe uma data precisa para tal ação, pois, assim como nos demais, os cenários vigentes foram decisivos para a manutenção da suspensão. No entanto, todas as redes estão analisando as orientações internacionais e nacionais para providências a serem tomadas, criando condições necessárias, no sentido de organizar as escolas para quando for possível retornar”, detalhou a Seec, em nota oficial.

A pasta anunciou ainda que a retomada das aulas será definida governadora Fátima Bezerra, respaldada nas análises dos Comitês Governamental e Científico. As aulas das redes pública e privada de ensino foram suspensas em 18 de março.

Além disso, o grupo de instituições e entidades representativas do ensino tem se debruçado na construção de protocolos para a retomada das aulas, a partir de condutas como a aferição de temperatura, o distanciamento entre estudantes, a utilização de equipamentos de proteção, disponibilização de matérias de limpeza individual, cartazes com informações de cunho educativo entre outras iniciativas.

“Essas condutas demandam encaminhamentos nos processos de aquisição de materiais que devem obedecer aos trâmites burocráticos e legais, não sendo processos rápidos, devendo ser iniciadas com a antecedência devida”, encerrou a Seec.

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