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terça-feira, 26 de maio de 2020

Luiz Almir sugere que violência doméstica tem aumentado por falta de sexo na quarentena

Em sessão na Câmara, parlamentar brincou com o assunto e disse que brigas conjugais têm acontecido porque homens não estariam satisfazendo o desejo das mulheres
vereador Luiz Almir (PSDB) sugeriu nesta segunda-feira (25) que o aumento da violência contra a mulher no Rio Grande do Norte tem sido motivado pela falta de sexo entre os casais durante o período de isolamento social provocado pela pandemia do novo coronavírus.

Em outras palavras, o parlamentar disse que brigas conjugais têm acontecido porque homens não estariam satisfazendo o desejo das mulheres. “O cara quer fazer sexo uma vez por mês… aí lá vai o cacete e a confusão é grande”, afirmou o vereador, ao indicar o que, para ele, origina as agressões.

A fala de Luiz Almir aconteceu durante uma reunião da Comissão de Legislação, Justiça e Redação Final da Câmara Municipal de Natal. Durante a sessão, o vereador Fúlvio Saulo Mafaldo (Solidariedade) pediu a palavra para comentar o aumento no número de casos de violência contra a mulher no Estado.

Nesta segunda, uma reportagem do Agora RN mostrou que, durante o período de isolamento social, os registros de casos de violência doméstica aumentaram 258% no Rio Grande do Norte. De acordo com um estudo do Observatório da Violência Letal e Intencional (Obvio), entre 12 de março e 18 de maio, o sistema estadual de segurança registrou 739 casos de violência doméstica. Ou seja, a média é 10 agressões casos por dia. No ano de 2019, durante o mesmo período, as agressões somaram 206 casos, o que representa três atos violentos durante as 24 horas.

Para Fúlvio Saulo, além de disponibilizar ferramentas de denúncias para as mulheres, o poder público precisa dar assistência emocional para as vítimas e os agressores. “A Prefeitura do Natal tem que se preparar para o novo momento que a gente vive. (…) São pessoas que estão doentes emocionalmente”, afirmou o vereador, cobrando que o Município escale psicólogos e psiquiatras para atenderem nas unidades básicas de saúde.

Ao comentar a declaração do colega, Luiz Almir disse que o apoio emocional é mais responsabilidade da família do que do poder público, mas defendeu punição severa para agressores de mulheres. “O homem que bate numa mulher não é homem. Tem que ser uma cadeia segura. Se não quer a mulher, deixa”, afirmou o vereador.

Ele ainda colocou em dúvida a necessidade de apoio emocional para os agressores. “Nada justifica isso. Se é doido, por que não pula da ponte? Por que não bota um cabo de vassoura no rabo? Quando não quer mais, separe. Ninguém é dono de ninguém”, argumentou o vereador do PSDB.

O vereador Fúlvio Saulo advertiu que a violência doméstica tem múltiplas facetas e que nem sempre é o companheiro agredindo a mulher. “Às vezes é o pai agredindo uma filha, um filho agredindo uma mãe. Não é só o marido batendo na mulher. Essa pessoa precisa de acompanhamento”, defendeu.

Foi então que Luiz Almir interrompeu o colega para contar uma história. Aos risos, ele afirmou que os pacotes de preservativos com 12 unidades são recomendados para homens e mulheres casados há muito tempo e que cada camisinha é usada uma vez por mês. “O cara quer fazer sexo uma vez por mês… aí lá vai o cacete e a confusão é grande”, disse.

VIOLÊNCIA DOMÉSTICA
O isolamento social provocado pela pandemia da Covid-19 tem exposto mulheres a mais episódios de violência dentro de casa. Os relatos de agressões explodiram desde que casais passaram a conviver mais juntos por causa de práticas como o home office.

Em recente debate na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte, a promotora de Justiça Erica Canuto, coordenadora do Núcleo de Apoio à Mulher Vítima de Violência do Ministério Público Estadual, disse que todo o Estado tem registrado mais casos de agressões a mulheres, e também feminicídios.

A promotora cobrou ações para combater o avanço da violência contra as mulheres no Rio Grande do Norte. “Pelo número de violência no País, o quinto do mundo que mais mata mulheres, temos o dever de nos anteciparmos em políticas públicas. Não podemos esperar a morte da mulher, tem que se antecipar para evitar que ela aconteça. O Estado precisa se aparelhar, precisa ter Casa Abrigo Estadual, as mulheres do interior não têm para onde recorrer, para onde ir e se refugiar”, afirmou.

Ainda de acordo com a representante do Ministério Público, o isolamento social se transformou em um fator de risco para as mulheres porque a “casa é um lugar perigoso” para elas.

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