Apesar do trabalho de “desratização” na orla de Natal, que segue até sexta-feira (7), executada por uma equipe de 70 profissionais da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), banhistas não só ainda conviviam nesta terça-feira (4) com a presença de ratos passando por baixo das mesas das barracas de areia, como, no caso de Ponta Negra, tinham também a indesejável presença de pombos.
As iscas envenenadas distribuídas ao longo do enrocamento de Ponta Negra não intimidaram os roedores que, à medida em que o sol se punha, saiam em quantidade das pedras que acompanham o contorno da praia onde 37 barraqueiros ganham a vida.
“É sempre assim. Basta o pessoal desmontar as barracas para eles darem as caras atrás de restos de comida”, diz Arnei, garçom de um dos pontos.
Na orla sul, foram distribuídos três tipos de iscas para a captura e controle desses animais, segundo Humberto Nascimento, chefe de Operações de Campo do distrito sanitário da região.
O trabalho, que também é educativo, tenta conscientizar comerciantes e banhistas para não deixar comida na praia. A equipe do Agora RN, com ajuda de alguns ambulantes, flagrou vários momentos em que, ainda no começo da tarde, com o sol alto, os ratos se misturavam aos banhistas na areia, roubando pedaços de comida que caiam das mesas.
“Esse veneninho da Prefeitura é aperitivo para esses folgados”, diz Valter Lúcio, outro garçom de praia, que aproveita para definir a personalidade e o estilo dos roedores. “Rato de praia é assim mesmo. Folgado!”, ri.
Ouvindo o pessoal que trabalha naquela faixa de areia da orla de Ponta Negra, a reportagem descobriu a existência de uma briga territorial de duas facções: os roedores contra os voadores. Foi a percepção que teve o fotógrafo José Aldenir, o Joinha, ao flagrar com a sua lente pombos disputando resto de comida com um rato a poucos metros de uma mesa de turistas.
“Eles brigam com os pombos e brigam entre eles mesmos”, diz Bruno Silva, da barraca L 1, a primeira da orla situada nas proximidades do Morro do Careca, fora do perímetro determinado pela prefeitura. “É uma verdadeira briga de gangues”, resume.
Não é possível saber quem sairá vencedor da disputa, mas uma coisa é certa: os banhistas habituais e os turistas já saem perdendo.
O garçom Cardoso conta que, na segunda-feira (3), ouviu os gritos de uma mulher que tomava sol e, ao abrir os olhos, “viu um gabiru do tamanho de um gato apreciando a sua beleza”.
Afora os exageros, nos pouco minutos em que ficou parada num ponto de Ponta Negra, a reportagem avistou cinco roedores de diferentes tamanhos num horário em que eles costumam sair menos: das 14 às 15 horas.
“Agora, quer ver eles andarem nos seus pés? É só esperar até por volta de 17h30, quando o pessoal começa a desmontar as mesas”, confirma o garçom Arnei Silva. “E o que a gente vê são uns ratões com marcas grandes de mordida nas costas e sem rabo depois de brigarem pelas fêmeas com outros machos”, conta.
Os ambulantes que receberam a reportagem nesta terça-feira fizeram questão de resgatar uma isca azul deixada pela prefeitura para ver se havia nela mordida de rato. E, embora houvesse algumas, a impressão é que os ratos continuavam preferindo as guloseimas que caiam das mesas.
Na ação contra os roedores praianos estão a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), o Centro de Controle de Zoonoses de Natal (CCZ), a Agência Reguladora de Serviços de Saneamento de Natal (Arsban) e a Companhia de Serviços Urbanos de Natal (Urbana). Além de Ponta Negra, as orlas da Redinha e Praia do Meio também serão visitadas pela equipe até o fim da semana.
Humberto Nascimento, chefe de operações de campo do Distrito Sanitário Sul da SMS, aponta para ações preventivas no combate a proliferação dos roedores.
“O banhista e o turista também têm um fator importante de responsabilidade. Por isso, estamos trabalhando essa parte educativa também com eles. Tanto cobrança, para eles cobrarem dos comerciantes, como também eles terem essa participação ativa”, encerra.
Nenhum comentário:
Postar um comentário