Duas horas bastaram para que 300 botijões de gás de um caminhão estacionado defrontem à sede administrativa da Petrobras, na Cidade Esperança, vendidos a R$ 40 cada, desaparecessem, carregados em carros, bicicletas, motos e carrinhos de mão nesta sexta-feira (14).
Foi a singela ação promovida pelo Sindicato dos Petroleiros do Rio Grande do Norte (Sindipetro) para protestar contra o que os sindicalistas chamam de “desmonte da Petrobras”, estatal fundada em 1953 no governo Vargas e que depois de protagonizar escândalos de corrupção durante os governos Lula e Dilma vive hoje, sob a era Bolsonaro, um intenso processo de desinvestimentos.
“Nossa intenção é mostrar para as pessoas o que elas poderiam estar pagando pelo gás de cozinha se o preço do petróleo não fosse regulado pelo mercado internacional”, explica José Araújo, da diretoria da Sindipetro RN.
Quando o último botijão já tinha ido embora, numa negociação feita entre os petroleiros da ativa e aposentados, que arcaram com os R$ 13 da diferença em cada unidade, já não havia mais ninguém para ver a manifestação.
Só ficaram pouco mais de 30 pessoas, entre representantes do Sindicato dos Petroleiros, da Central Única dos Trabalhadores ligados à categoria; o presidente da União Metropolitana dos Estudantes, Silas Emanuel, 16 anos e Pedro Gorki, presidente da União Brasileira dos Estudantes, 19 anos.
Com discursos nacionalistas comuns no período pós – Vargas, como o “Petróleo é Nosso”, com direito a ataques à burguesia e citações de Lênin o, pai da Revolução Russa de 1917, a manifestação foi acompanhada pela deputada Natália Bonavides (PT) e a vereadora Divaneide Basílio (PT).
A pauta local dos petroleiros incluiu, entre as reivindicações, a retomada imediata dos investimentos da Petrobras para recuperar a produção e a capacidade de refino de petróleo e gás no Rio Grande do Norte.
O RN, no passado, já foi o segundo maior produtor de petróleo no Brasil com 110 mil barris por dia e hoje produz em torno de 36 mil.
Pedro Gorki, sobrenome inspirado em Máximo Górki, pseudônimo de Aleksei Maksimovich Peshkov, escritor, romancista, dramaturgo, contista e ativista político russo, morto em 1936, fez um discurso sobre a entrega das riquezas brasileiras do petróleo. Seu colega Silas, da União Metropolitana dos Estudantes Secundaristas, foi na mesma linha.
Indignado com a falta de quórum na manifestação, um petroleiro aposentado, com mais de 40 anos de Petrobras, estranhou a ostensiva ausência de inativos da companhia. “Esses caras não fazem nada, por que não estão aqui? ”, indagou, decepcionado.
Agora, o movimento promete uma demonstração idêntica com a gasolina, segundo José Araújo, da diretoria da Sindipetro RN. A data e o local ainda serão anunciados.
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