O prefeito de Parnamirim, Rosano Taveira, assinou nesta terça-feira (21), uma ordem de serviço que autoriza o início das obras de urbanização da Praia de Cotovelo.
O investimento só nesta fase será de mais de R$ 770 mil e inclui acessos à praia com a pavimentação da Avenida Praia Grande e das ruas Engenheiro Carlos Dumaresq e Estrela Dalva, além da construção de um calçadão. Nos próximos dias, será autorizada outra etapa da obra, desta vez em Pirangi do Norte. Na sequência, outros dois lotes serão contemplados.
Nesta entrevista ao Agora RN, concedida logo após a assinatura da ordem de serviço, Taveira fala sobre outras obras em execução no município, como o esgotamento sanitário e os serviços de drenagem e pavimentação. Ele também rebate críticas de opositores, listando investimentos realizados em pavimentação, educação e segurança pública, principalmente. O chefe do Executivo diz ter ganhado adversários, como o ex-prefeito Maurício Marques, porque não teria atendido a “pedidos irregulares” ou porque cortou privilégios.
Confira:
AGORA RN – Nas últimas chuvas, pontos críticos voltaram a ficar alagados em Parnamirim. O que a Prefeitura planeja fazer para enfrentar esse problema?
ROSANO TAVEIRA – Temos quatro pontos de alagamento em Parnamirim, que são resultado de obras de pavimentação mal feitas. Temos um problema sério próximo ao Cemitério São Sebastião, por exemplo. Toda a pavimentação asfáltica do trecho entre Cohabinal, Rosa dos Ventos, uma parte do Centro e Monte Castelo foi feita de modo que a água desce totalmente para o cemitério. E a “bitola” daqueles canos não suporta. O investimento para acabar com aquela água seria, hoje, de R$ 10 milhões. Um investimento muito pesado. Eu pedi a um engenheiro com experiência que fizesse um projeto mais barato, que seja viável para resolver aquele problema. Estamos aguardando. Por enquanto, fizemos uma intervenção simples, que foi trocar a frente do cemitério. Como mudou para a parte mais alta, a água não vai entrar dentro do cemitério.
AGORA RN – E nos outros pontos críticos?
TAVEIRA – Para Santa Tereza, já autorizei a compra de um terreno para fazer uma lagoa de captação, para acabar em definitivo com o problema. O proprietário solicitou R$ 2 milhões. Eu ofereci 10 parcelas de R$ 200 mil. Está bem encaminhado. E temos também uma obra na Toca da Raposa. Está no processo de licitação. Vamos acabar com os problemas dali. Já foi feita a primeira reunião com os técnicos. Acredito que, daqui a uns 30 dias, já tenha sido vencida a parte burocrática da licitação. Acho que, até o fim de março, a obra já esteja andando lá.
AGORA RN – O problema poderia ser minimizado se a população não despejasse sujeira nos bueiros. Como o Município vai enfrentar isso
TAVEIRA – Em Santa Tereza, foram retiradas recentemente duas caçambas de entulho de dentro dos bueiros. Só para ter uma ideia, havia quatro vasos sanitários dentro de um bueiro. A própria população joga. Mas já existe uma lei que prevê multa por descarte de lixo. Estamos na fase de 60 dias de orientação. Depois desse prazo, vamos começar a cobrar.
AGORA RN – Opositores têm dito que, no caso do esgotamento sanitário, o senhor “pega carona” em uma obra do Governo do Estado. É verdade?TAVEIRA – O Governo do Estado não tem um real ali. Vamos relembrar. Quando eu assumi a Prefeitura (em 2017), eu fui a Brasília, no Tribunal de Contas da União. O saneamento de Parnamirim seria cancelado por razões que, lá na frente, vocês vão saber. Junto aos então senadores José Agripino Maia e Garibaldi Alves Filho, procuramos o ministro Vital do Rêgo, que tinha pronto um parecer para extinguir o saneamento. Mas ele foi convencido do contrário. Explicamos a ele que a população não poderia ser penalizada. O dinheiro estava lá. Não fizeram o saneamento porque não quiseram. Os R$ 184 milhões estavam na conta e a obra estava licitada. Não foi feito porque, como é cano embaixo da terra, entenderam que não dava voto. Mas dava. Eu vou mostrar que dá voto e quem vai fazer o saneamento de Parnamirim sou eu.
AGORA RN – Por que a obra estava parada antes disso e o que a Prefeitura fez para destravar o projeto?
TAVEIRA – O saneamento era para ter sido concluído em 2014. E não foi feito. Consequentemente, houve o reajuste da obra. E quem ia pagar esse reajuste era o município de Parnamirim, pois, com a verba do convênio federal, não dá para pagar reajuste. O prejuízo para Parnamirim seria de mais de R$ 50 milhões. Como íamos pagar uma dívida dessa? Então, a obra parou. Vimos, então, que a Caern, havia mais de vinte anos, não tinha concessão de Parnamirim, mas operava dentro do município. Propusemos à Caern, então, que, se eles assumissem toda a dívida e os pagamentos futuros (dos reajustes), nós daríamos a concessão a eles. A Caern aceitou nossa proposta porque Parnamirim é uma das cidades mais rentáveis para eles. E só. O Estado não tem nenhuma participação. Apenas entregamos a operação à Caern, que tem expertise. A Caern entra como interveniente.
AGORA RN – Então, a Caern quita os reajustes, como compensação pela operação sem concessão. E o pagamento da obra em si?
TAVEIRA – São dois recursos. No recurso que o Município toma emprestado à Caixa Econômica Federal, do FGTS, 70% são de financiamento e 30% são de contrapartida da Prefeitura. E tem o recurso da OGU. O contrato da OGU é direto com a Prefeitura de Parnamirim. O que aconteceu é que Caern se tornou interveniente. Ela fez a intermediação entre a Prefeitura e a empresa. É um processo no qual a Caern, logicamente, tem participação, mas como interveniente. Ela está entrando com o reajuste da obra, de forma parcelada, junto à empresa. Ela vai passar 25 anos ganhando dinheiro em cima da operação. Para a Caern foi bom e, para o Município, também, pois não tínhamos uma equipe técnica para fazer o acompanhamento e a fiscalização. São eles que trabalham com água e esgoto há muitos anos.
AGORA RN – Em recente entrevista, o senhor sugeriu que a expansão da rede de ensino foi mal planejada nas gestões anteriores. Por quê?
TAVEIRA – Temos hoje 67 unidades (entre escolas e centros infantis), que dão para 30 mil alunos. Temos hoje na rede aproximadamente 25 mil matriculados. Ainda faltam 5 mil. Em Cajupiranga, por exemplo, temos duas unidades. Fizeram duas, mas, com uma só, resolvia o problema. As duas escolas têm capacidade para 1.500, mas só têm 500 alunos. Por outro lado, áreas com necessidade não têm. O que estamos fazendo? Pegando o ônibus e levando alunos para onde tem vaga.
AGORA RN – Quais investimentos a Prefeitura tem feito na educação?
TAVEIRA – Temos que manter o que está. Por isso, temos um cronograma de recuperação das escolas. Todas as escolas estão sendo recuperadas e climatizadas. O projeto é climatizar todas. Em Nova Esperança, estamos construindo um novo centro infantil para atender a demanda do Minha Casa Minha Vida. Alunos do Engenho Novo andam quase 3 quilômetros para ir para a sala de aula.
AGORA RN – Em dezembro, foi instalada a Guarda Municipal, com efetivo inicial de 50 agentes. Novos guardas serão chamados?
TAVEIRA – Vou chamar mais 30 em breve. A estrutura está toda pronta, com quartel e quatro carros. Autorizei mais dois carros e dez motos. A Guarda Municipal fará patrulhamento junto com a Polícia Militar, guardando o patrimônio público e em interação com a central de videomonitoramento (Centro de Operações Integradas). A equipe está completa para dar mais segurança a Parnamirim.
AGORA RN – Que outros investimentos estão sendo feitos nessa área
TAVEIRA – Na segurança, do que estava no plano de governo, faltava só a Guarda Municipal. Então temos Guarda, Esquadrão Águia e toda uma integração com o 190. Você liga e cai aqui. Dá muito mais agilidade às polícias em geral. O Centro de Operações Integradas está funcionando 24 horas por dia. Reduzimos em mais de 26% a violência em Parnamirim. E ainda tem o banho de LED, que faz parte da segurança.
AGORA RN – As lâmpadas de LED representaram que economia para o Município até agora?
TAVEIRA – A Cosern nos entregou um levantamento. É por rua. Teve rua em que chegou a 76% (a economia). Estamos economizando para investir. Quando investirmos 100%, quem sabe a taxa de iluminação a gente não possa ser reduzida?
AGORA RN – Adversários do senhor apontam que a Prefeitura arrecadou recursos, mas não os investiu em obras. O senhor atribui essa crítica a quê?
TAVEIRA – Afirmaram que arrecadamos R$ 1,4 bilhão. Isso é o que estava no orçamento. Orçamento não é dinheiro, é previsão. A Prefeitura recebeu esse dinheiro? Não. Além do mais, um administrador não deve ser medido pela quantidade de obras. Se faz um monte de obras sem eficácia e eficiência, não funciona. Temos exemplo aqui. No cemitério, foi feita uma obra, mas preciso de R$ 10 milhões para tirar a água de lá. Eu prefiro manter funcionando o que foi feito. Na educação, temos 67 escolas. Por que vou fazer mais escolas se ainda cabem 5 mil alunos? Eu vou fazer outra para ficar ociosa?
AGORA RN – Um dos principais críticos da sua gestão tem sido o ex-prefeito Maurício Marques. Como o senhor vê um ex-aliado estar agora na oposição?
TAVEIRA – Quem estava comigo e agora está do outro lado me criticando, é porque teve duas coisas: ou me pediu algo irregular para eu fazer, e eu não fiz; ou quebrei alguns privilégios que se tinha. O outro lado você não vai ter. ‘Taveira comprou 10 computadores e levou 2 para os meninos dele’. Você não vai ver nunca. ‘Fez uma licitação para beneficiar fulano’. Você não vai ver nunca. Quanto à oposição, eu sempre digo que ela trabalha para mim de graça. Onde disser que está o problema, eu vou lá e mando fazer. Já dizia Nelson Rodrigues: toda unanimidade é burra.
AGORA RN – O ex-prefeito entendeu a demissão da mulher dele da Secretaria de Tributação, no início de seu governo, como um gesto de traição.
TAVEIRA – Eu não vou entrar em detalhes, porque ele sabe que não teve isso. Mas pode ter sido o que eu disse. Privilégios foram cortados ou me pediram alguma coisa irregular e eu não fiz. O futuro a Deus pertence.
AGORA RN – O senhor pretende concorrer à reeleição?
TAVEIRA – Tenha nem dúvida.
AGORA RN – O senhor é presidente municipal do Republicanos. Como o partido está se organizando para as eleições deste ano?
TAVEIRA – Para a eleição proporcional, temos Irani Guedes, que é o presidente da Câmara Municipal. Além disso, está indo para o partido mais um vereador, Gustavo Negócio. E deve ir mais outro também. Estamos formando a nominata. Até julho, temos como formar isso. A meta é eleger no mínimo dois vereadores. Isso está seguro e não tem para onde correr.
AGORA RN – Como está sua relação com a governadora Fátima Bezerra?
TAVEIRA – Assim que ela assumiu, eu fui lá com minha equipe de secretários. Eu fui cobrar o que o Estado deve ao Município. Não tenho problema com político nenhum, independentemente de partido. Assim que ela assumiu, eu fui com toda a equipe. Os secretários do lado. Os dela e os meus. Mostramos o que Estado tem que fazer para Parnamirim. A conversa foi muito boa e não tenho problema pessoal. Ideologia, cada um tem a sua, mas, na administração pública, tem que ser impessoal. Estamos sendo pagos por todos.
AGORA RN – O senhor está tendo dificuldades de relacionamento com a bancada federal?
TAVEIRA – Nunca tive problemas com a bancada. Foram dizer que eu prometi 20 mil votos a não sei a quem (e que, pelo desempenho aquém, o prefeito estaria enfrentando dificuldades). Nunca prometi voto. O voto é secreto. Com relação à minha mulher, me arrependo até hoje. Antônio Jácome (candidato a senador em 2018) me pediu que minha mulher (Alda Leda Taveira) fosse a segunda suplente. Me arrependo até hoje porque misturaram as coisas. Disseram que a gente prometeu voto.
AGORA RN – A oposição aponta que o senhor trabalhou em 2018 para que Parnamirim perdesse representante na Assembleia Legislativa. Como o senhor responde a essas críticas?
TAVEIRA – Parnamirim teve vários candidatos. Agora, eu digo: o único deputado estadual que colocou (emendas) foi Agnelo Alves. O restante eu desafio: qual foi a emenda que se colocou em Parnamirim? Carlos Augusto Maia, por exemplo. É meu amigo, mas pergunto a ele: qual foi a emenda que colocou dentro de Parnamirim? Então, esse negócio que tem que ser filho da terra… Se tiver competência, a coisa anda.
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