Essa é a promessa das tecnologias da Indústria 4.0 aplicadas à moda
Imagine entrar em uma loja e não precisar experimentar nada para saber se uma peça serve. A roupa vai caber porque será feita especificamente para você, com as cores, estampas e modelos que você escolheu. Essa é a promessa das tecnologias da Indústria 4.0 aplicadas à moda: maior autonomia e poder de customização ao consumidor.
Na Olimpíada do Conhecimento, a planta 4.0 do SENAI Centro de Tecnologia da Indústria Química e Têxtil (Cetiqt), baseado no Rio de Janeiro, não só mostra como isso funcionará na prática, como dá uma prévia da agilidade que o processo pode ter. Apenas 30 minutos separam um pedido feito de uma peça pronta.
A experiência começa na loja. Um espelho virtual, criado com recursos de um videogame, reconhece as medidas e o tônus muscular do cliente, com a ajuda de um robô. Na tela, o consumidor escolhe o modelo da peça, a cor e tem a possibilidade de misturar estampas em diferentes padrões. Até assinar a peça é possível. Produto escolhido, toda a informação da peça vai direto para a fábrica por meio de um QR Code.
Produção inteligente
As máquinas utilizadas na planta 4.0 não são novidade para a indústria. “Impressora, calandra, máquina de corte e máquina de costura são equipamentos comuns nas fábricas. A diferença é que desenvolvemos maneiras de conectá-las. A conversa entre elas automatiza e agiliza o processo”, explica Fernando Moebus, especialista em manufatura do SENAI Cetiqt.
Com base nas informações do cliente, começa a produção a partir da impressão da estampa desejada em um papel. Da impressora, o material segue para a calandra, onde a padronagem é transferida ao tecido branco por meio da sublimação – submetida a altas temperaturas, a tinta é liquefeita e tinge o tecido com precisão.
Esse processo permite a sobreposição de estampas ou partes lisas sem a necessidade de usar tecidos diferentes, reduzindo também as costuras de cada peça. Impresso, o tecido vai para a máquina de corte. Outra máquina corta as partes da roupa. Conjugadas, as tecnologias permitem o aproveitamento máximo do tecido, reduzindo o desperdício, e também a produção de múltiplas e diferentes roupas ao mesmo tempo.
Cabe à costureira a montagem final do produto. Aqui, novamente, o QR Code tem um papel fundamental. Ele tanto pode ser usado para demonstrar em realidade aumentada a operação das máquinas de costura quanto já trazer as informações de costura de cada peça. Finalizada, a roupa vai para uma máquina de dobrar e a entrega, pelo menos na OC2018, fica por conta de um drone. “A tecnologia vai ajudar a integrar o processo produtivo, desde a tiragem de pedidos à logística de estoque. As empresas têm níveis diferentes de maturidade, mas há aplicações possíveis para todas”, completa Moebus.
Prèt à você
Para o estilista Ronaldo Fraga, a tecnologia abre novas possibilidades, com sabor de alfaitaria. “Acho muito legal quando a tecnologia, a serviço da vida, traz valores perdidos. A Indústria 4.0 é como uma volta à confecção sob medida, com cuidado com o corpo e a medida de cada um. Moda era assim lá atrás. A tecnologia faz pontes entre os tempos”, avalia.
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