Militar diz que quer se candidatar, mas ainda não escolheu o partido e não se esquiva de comentar posições sobre temas polêmicos debatidos no Senado.
Em entrevista exclusiva ao portalnoar.com, o Capitão Styvenson confirmou que pretende disputar o Senado nas eleições deste ano. Porém, relatou a dificuldade de encontrar um partido que o ofereça liberdade de ação e pensamento, assim como garantias de que ele poderá fazer a política da forma que ele acha que deve ser. Além disso, o Capitão se posicionou sobre temas polêmicos debatidos no Congresso Nacional, como privatizações, aborto e união civil homoafetiva. Styvenson revelou ainda como pretende atuar no Senado e destacou o desejo de “investigar, processar e julgar figuras intocáveis”. Confira a entrevista:
Hoje, seu nome é visto como um forte concorrente ao Senado. Como o senhor avalia esse apelo popular que começa a surgir em torno do seu nome?
Eu vejo com muita alegria, por ter meu trabalho reconhecido, um trabalho que as pessoas reconhecem. Mostra que vale a pena ser honesto, se sacrificar, se indispor, não ser corporativista. Tudo o que passei até aqui. O melhor prêmio é o reconhecimento. Então, é bem diferente de não ter um nome, uma história, uma máquina pública ao meu favor e as pessoas estarem reconhecendo uma vida inteira profissional que desempenhei. Eu me sinto lisonjeado, por as pessoas estarem buscando meu nome, como a pessoa que realmente fez alguma coisa.
Então, o senhor é pré-candidato ao Senado?
Só pelo fato de ter me afastado das funções, pois precisei de mais tempo para pensar, já sou pré-candidato. As pessoas precisam entender que eu preciso de tempo. Se eu tivesse essa ânsia por entrar na política, já tinha escolhido um partido grande, com muita estrutura. Eu ainda não fiz isso porque não tenho essa ganância. Se for pra entrar, tem que ser com segurança, prudência, cautela. Meu partido são as pessoas que acreditam em mim. No meu trabalho.
Quais os partidos chamaram o senhor?
Nem lembro mais. Já misturou tudo. Muitos fizeram propostas e receberam uma contra-proposta. Ficaram de me dar as respostas. Eu já disse minhas condições. Está ficando até repetitivo. Quero duas coisinhas básicas: liberdade e garantias. Liberdade pra eu poder pensar, pra eu poder agir, pra eu poder não ser manipulado, pra eu não estar preso a ninguém, por eu escolher com quem eu posso ir, com quem eu quero estar perto. Será que temos o direito de escolher, de ser cautelosos?
No caso, seriam os suplentes?
Também. Liberdade é para tudo. Não é só para eu entrar no partido e depois ficar preso a ele.
O deputado estadual Kelps Lima, presidente estadual do Solidariedade, tem externado o desejo de ter o senhor como candidato ao Senado pela legenda. O que o senhor diz sobre essa proposta?
Eu fico feliz. É mais uma das pessoas que acreditam no meu trabalho, no meu potencial, no que eu já fiz e no que eu posso fazer ainda, porque não é fácil você ser reconhecido, pelo menos para mim, por fazer uma coisa tão simples, que aprendi desde criança, que é ser honesto, ter personalidade, ter uma opinião definida sobre as coisas, não ceder, não ser oportunista, querer usurpar o poder. Eu tenho um pensamento pelo coletivo.
O senhor então não decidiu se vai ser candidato ou se filiar a algum partido?
Sobre a questão das definições, eu sou pré-candidato ao Senado. Falta só o partido. Não tenho como negar o pedido das pessoas. É inevitável. É muita gente pedindo a mesma coisa. Acho até preocupante não atender essas pessoas, porque há um clamor, há um pedido.
De qual partido hoje o senhor está mais perto?
Conversei com todos. Hoje nosso País é mais partidário do que político. Eu vi uma reportagem dizendo que nossos jovens não estão nem aí para a política. Então, qual o nosso futuro, se ninguém se interessa pela política. Eu também não me interessava até ontem. Mas quando começou esse tsunami de gente pedindo, eu fui me informar, ler, pesquisar. Fui conhecer e vi que sem a política a gente não se move. É imposto alto, saúde deficiente, educação falha, segurança precária. Isso é de anos. Vem da política antiga, do café com leite, do toma lá dá cá, tudo farinha do mesmo saco. Isso a gente vê na história. Até hoje persiste. Então, porquê não tenho liberdade de dizer as minhas condições são essas? Não posso fazer isso? Eu tenho que estar acorrentado, submetido a seguir o mesmo caminho que eles disseram que eu tenho que seguir, sem vontade própria, personalidade, para agir a favor das pessoas?
Qual sua avaliação sobre o trabalho da bancada federal hoje?
Vejo ineficiência total. Buscam mais para eles do que para a população. A minha opinião é a mesma que a maioria das pessoas tem. A bancada está longe de atender os anseios populares. Na minha opinião, a bancada deve ter pessoas que representem o Estado e a população com coragem, honradez e determinação, força para brigar pelo que é nosso e não aceitar o que os partidos e empresas estão solicitando a essa bancada.
O senhor vai trabalhar a campanha pregando esses valores?
É assim que eu sou. Na campanha, na vida ou na polícia, é assim que eu sou. Não vou me moldar, como esses políticos que estão aí a mil anos. Não vou me dobrar a esse modus operandi de política arcaica que está destruindo o País.
O senhor decide o partido ao qual vai se filiar?
Por lei, até o dia 5 de agosto. Mas, se os partidos fizerem suas convenções e não me aceitarem mais, cara, eu tentei, eu dei minha proposta. Preciso de liberdade e garantias. Liberdade de atuar, falar, pensar, agir, ser o que sou. Não irei para um partido sem garantia, sem liberdade, sem nada. Não entro para ser fracassado. Tenho que ter cuidado, cautela, responsabilidade para tomar decisões. Eu tenho que estar 100% seguro, para poder fazer o melhor.
Por que o senhor acha que precisa de renovação?
É melhor colocar um novo que você nunca viu, do que esses políticos profissionais que aí estão. Não é só o capitão Styvenson que é bom não. O problema é que os que nunca entraram na política aceitaram as condições. É uma opção deles. É um direito deles. Agora, eu não vou perder minha liberdade e aceitar condições pra ficar no mesmo nível dos políticos antigos, que fazem acordos, conchavos, por tempo de TV, divisão de cargos.
Em 2016, o senhor não quis entrar na política. Agora, é diferente por qual razão?
Em 2016, foram partidos que me chamaram. Uns dois ou três. Não pestanejei. Disse não. Dessa vez é diferente. São as pessoas, por onde ando, nas redes sociais, em todo canto. Tem gente que acha que sou a solução, mas sou uma pessoa que pode mostrar a solução pra quem é limpo, sério, honesto.
Tem algum partido com o qual o senhor se identifique?
Tenho apresentado minha proposta. Não estou fazendo nada de errado. Essa situação do poder nas mãos dos partidos é algo que precisa ser revisto.
Algum já aceitou sua proposta?
Não. É sempre assim: vamos ver… vou pensar… Fico aguardando o retorno. Quando digo que não sou obrigado a apoiar alguém, soa como egoísmo.
O senhor então quer uma candidatura sem apoiar nenhum outro candidato a outro cargo?
Sim. E qual o problema de querer fazer sozinho? Ah, não tem que ser em conjunto. Aí eu vou me juntar com quem? Esses que estão aí não precisam de mim. Já tem fundo partidário demais. São R$ 2 bilhões de fundo partidário. Eles já têm experiência demais. Eles não precisam do Capitão Styvenson não. São profissionais da politica. Eles se vangloriam que sabem fazer política há 30 ou 40 anos. Quem apoia o meu trabalho foi o meu trabalho. Eles querem que eu transfira esse apoio que a população me dar. Querem uma transfusão de mim, através do povo. Então, não queiram transfusão de sangue com ninguém, porque não vou dar. O trabalho feito por mim e por minha equipe não foi feito por eles. Cada um mostre o seu trabalho. Se você for ver essa candidatura avulsa de forma individual, eu puxo pra mim a responsabilidade de acertar ou errar.
É interessante que tem eleitores do PT e de Bolsonaro declarando voto ao senhor. Como é ter simpatizantes de dois extremos?
Cada vez que polariza, que se distancia, o problema fica centralizado. E quem está no centro? As pessoas. Se eu conseguir unir os dois, é isso que precisamos como ser humano. Não é como partido não. Eu sempre falo que o problema são os partidos. O problema é partidário. A minha política é fazer o melhor para as pessoas, independente de direita ou esquerda.
O senhor se considera de direita, esquerda ou se centro?
Eu me considero eficiente na missão que me derem.
Em relação à economia, o senhor defende o modelo do Estado maior ou as privatizações?
Muito boa essa pergunta. Se a empresa pública gera capital, tem lucro, abre concursos, não tem cargos com indicações políticas, não tem envolvimento em escândalos, é respeitável e tem potencial internacional para investimentos? Se ela tiver essas características, não há razão para privatizar, se é tão boa, tão bem gerida, se ela dá lucro e gera empregos… Agora, empresa pública que só serve para cabide de empregos para deputado, senador e ministro; que só serve para abastecer partidos, que é vítima de escândalos e que ninguém confia… vai fazer o quê com isso? Manter um problema desses? Não. Eu analiso o que é eficiente e o que não é, o que é rentável e o que não é, o que é melhor. Sou contra privatizar o que deu certo e a favor de privatizar o que não presta. Eu sou do setor público.
Em relação aos costumes, o senhor se considera mais conservador ou liberal?
Eu me considero respeitador. Minha formação foi de uma educação mais familiar. Eu nasci em Rio Branco, Acre, e minha família era eu, minha mãe, meu pai e minhas irmãs. Eu vivia em ambiente familiar nesse aspecto. Então, é inevitável o pensamento de que o poder pátrio tem que ser respeitado. Que os filhos têm que obedecer aos pais, que tem que ter regras, horários. Agora, não sou a favor do desrespeito. De desrespeitar as pessoas, de ofender as pessoas. Todos têm liberdade da fazer o que querem fazer, na sua vida íntima ou até pública, desde que não ofenda o direito do próximo.
O senhor é a favor ou contra o aborto?
Depende do caso. Nem pode ser uma ditadura e nem uma anarquia. É preciso haver equilíbrio.
No caso, regras para a permissão?
Já existe, no caso de estupro. Temos tantos métodos anticoncepcionais. Por que as pessoas que não querem ter filhos não fazem isso? Agora, se o problema é de um caso de violência contra a mulher, se ela não consentiu, vai ser obrigada a passar por aquele sofrimento psicológico? Eu creio que precisamos ser mais empáticos, nos colocar no lugar das pessoas. A questão de religião é outra coisa. O Estado não é religioso. É laico. Problema de religião é dentro da igreja. Estou falando de problemas que se tratam de pessoas.
O senhor é a favor da união civil entre pessoas do mesmo sexo?
Não vejo problema nenhum. Se você tem seus bens, trabalha, vive na sua casa, faz tudo certinho, qual é o problema de ter sua união civil com seu parceiro ou sua parceira? O que não pode é desrespeitar o próximo. Eu aprendi que o natural seria homem e mulher, mas a sociedade evoluiu, ganhou liberdade. O problema é a agressão entre as pessoas contra outras por diferenças. Se a gente vivesse com mais respeito, humanidade, amor ao próximo, a gente viveria melhor.
Em relação às cotas para minorias nas universidades e em concursos públicos?
Até corrigir a base de educação, saúde, lazer, esporte, dignidade. O problema é de base. Precisamos de um ensino igualitário. De oportunidade igual para todos desde criança. O ensino público não presta. Tudo o que é público… O ensino de qualidade é privado, a saúde de qualidade é privada, a segurança também. Quando tivermos uma base igual para todos, pode mudar, mas até equilibrar, tem que ter. Por exemplo, 80% dos presos lá em Alcaçuz de 18 anos são analfabetos. Será que eles tiveram opção de escolha, por a base não ser igualitária? Será que eles poderiam ter tido outra vida, se tivessem oportunidades iguais desde criança? Precisamos olhar para a base.
O senhor é contra a regularização da prostituição?
É uma questão de formalidade. Existe até antes de cristo. O que existe é preconceito, discriminação e falta de respeito. É preciso entender o porquê de a pessoa partir para a prostituição. É um problema que se precisa encontrar a origem. No nosso País, queremos sempre tratar o problema terminal e não o início.
O que o senhor acha que pode fazer como senador em benefício do Estado?
Liberar recursos, verba, dinheiro, para o Estado. Também fiscalizar a aplicação desses recursos. Legislar a favor do Estado. É mais fácil ajeitar o Rio Grande do Norte de Brasília pra cá do que tentar de baixo. Está faltando um senador que represente as pessoas de forma íntegra, honra, moralidade, determinação e foco. Quando não se tem, ficam calados, como hoje em dia. Um senador que haja em benefício das pessoas e não de partidos ou deles mesmos. Precisa de um Senador que bata na mesa e diga: meu Estado existe e eu quero benefícios pra ele. É interessante que no Senado é tudo igualitário, a mesma representação para todos os Estados. Uma das funções que considero mais importantes também é investigar, processar e julgar pessoas que se sentem intocáveis, como ministros do STF, STJ, por exemplo.
O senhor ter coragem para isso?
Ora não. Vamos ver se eu chegar lá.
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