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quinta-feira, 7 de junho de 2018

Caminhoneiros autônomos acusam deputados de legislar para empresários do setor

Os efeitos da greve dos caminhoneiros ainda estão longe do fim e deputados estão prestes a colocar ainda mais lenha na fogueira ao pautar para votação de plenário, nesta quarta-feira (6), o projeto de lei (PL 4860/2016) que regulamenta o transporte rodoviário de cargas (confira os principais pontos abaixo). Chamado de “marco regulatório dos caminhoneiros”, o PL foi pinçadodos arquivos do Congresso justamente para ajudar no enfrentamento da crise do transporte de cargas, mas tem causado atritos entre parlamentares, donos de transportadora e condutores autônomos, que veem na matéria um instrumento de retirada de direitos.

Representantes dos caminhoneiros disseram ao Congresso em Foco que, além de atingir direitos, o PL foi concebido sob medida para beneficiar os patrões – neste sentido, lembram que o primeiro acordo com o governo, no calor da paralisação nacional, foi assinado por oito entidades, sete das quais representantes do patronato. Relator da proposição, Nelson Marquezelli (PTB-SP) disse a este site que o texto não prejudica trabalhadores e não favorece apenas empregadores.
De autoria da deputada Christiane Yared (PR-PR), a matéria já foi aprovada em comissão especial e está pronta para votação no plenário da Câmara. O texto havia sido aprovado pelo colegiado em caráter terminativo, ou seja, sem necessidade de análise pelo conjunto da Casa, mas um requerimento com número suficiente de apoio regimental foi aprovado e obrigou a votação em plenário.

Entidades como a União Nacional dos Caminhoneiros (Unicam), que representa milhares de autônomos e foi uma das organizadoras da greve, dizem que o projeto é mais um instrumento a beneficiar o empresariado do setor. Para o presidente da Unicam, José Araújo Silva, o deputado Marquezelli, um dos maiores produtores de suco de laranja do país, atua justamente em parceria com seus colegas empresários.
Marquezelli rebate José de Araújo e diz que não procede a versão de que seu texto acolherá artigos para favorecer empresários. “Não tem nada disso. Amanhã o relatório vai estar pronto, estamos terminando hoje [terça, 5] à noite. Amanhã você lê, sossegado, e verá que não tem nada disso”, tergiversou o deputado, para quem a matéria será votada até a noite desta quarta-feira.



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