Os criminosos mais procurados do Rio Grande do Norte, atualmente, são lideranças de facções criminosas que atuam no Estado, atuam em roubos à bancos e instituições financeiras, no movimento chamado “Novo Cangaço” e são procurados por diversos homicídios. Em outros estados e entocados em áreas rurais, esses suspeitos são procurados pela Polícia Civil do RN e são considerados “perigosos” pela ficha extensa criminal que possuem.
De acordo com informações da Delegacia Especializada em Capturas e Polinter do RN (Decap), a lista dos mais procurados do RN é feita com base na quantidade de mandados abertos pela Justiça aliada aos crimes cometidos.
“Para Decap, procuramos os mais perigosos pelo número de crimes e condenações, principalmente, ou quando o sujeito está bem na ativa, incomodando muito. Mas corremos atrás de todo mundo, só que a equipe é pequena. Trabalhamos com parcerias, pedimos apoio à delegacia da área, ou à Denarc, se for traficante, se for ladrão de banco, à Deicor”, explica o delegado Odilon Teodósio, titular da Decap desde 2020.
Ainda de acordo com o delegado Odilon, como muito desses criminosos acabam indo parar em outros estados, com contatos e ligações com facções criminosas, é necessário uma parceria com a Polinter de outras unidades federativas para a prisão desses suspeitos.
“Esses dez, as informações são mais difíceis de chegar. Mas chegam, quando vemos que temos certa dificuldade para avançar em outro estado, por exemplo, fazemos a conexão com a delegacia especializada. Esse contato é fácil, fazemos um levantamento prévio. Ou a gente vai para buscar junto, ou damos as dicas, eles pegam e a gente vai buscar”, cita. “São foragidos que geralmente têm um poder financeiro e de mando em facção diferenciados. Então eles ficam entre o RN e outros estados conexos, porque um há uma ligação com esses outros estados. Tanto que o Deicor foi buscar um de Mãe Luiza no Rio de Janeiro. Esse pessoal vai para outros estados, mas com ligação aqui no RN”, acrescenta.
Um desses exemplos de prisão interestadual foi a de Jussiê Araújo dos Santos, 30 anos, em setembro do ano passado. A operação foi da Divisão Especializada em Investigação e Combate ao Crime Organizado (Deicor), com policiais do Rio de Janeiro, onde “Siê” estava escondido. Em terras fluminenses, segundo as investigações, fornecia drogas para o RN, Paraíba, Pernambuco, Ceará e Sergipe.
Na Decap, por exemplo, há pelo menos 1.000 mandados em aberto para serem cumpridos, segundo Teodósio. Dificuldades que são reflexo do baixo efetivo da Polícia Civil do Estado. Por se tratar de uma delegacia que busca por pessoas foragidas, há uma ordem de “prioridade” definida entre os agentes.
“Temos as prioridades, que são decididas aqui comigo e o setor de investigações. Não tem prioridade. A prioridade é pegar o mais fácil. Agora, se a gente tem hoje para pegar um que tem dez mandados e outro que alguém ligou e disse, e a gente está na cola desse outro, vamos atrás do primeiro, porque vamos tirar de circulação um cara que mata, que rouba”, disse.
População pode ajudar com disque-denúncia
A Delegacia Especializada de Capturas e Polinter do Rio Grande do Norte lançou em outubro de 2020 um serviço de denúncia. Segundo o delegado titular da Decap, Odilon Teodósio, é comum receber denúncias e ligações indicando onde criminosos podem estar.
“Existe esse disque denúncia nosso, a pessoa que denuncia fica em contato direto com os policiais, que orientam, mandam fotos, detalhes, e quando vamos à campo fica mais fácil”, cita.
Segundo a Polícia Civil, por meio do aplicativo WhatsApp, qualquer pessoa pode ajudar a DECAP a encontrar e capturar foragidos da Justiça - (84) 98135-6174. O autor da denúncia pode enviar o nome e a foto do procurado, além de imagens (fotografias ou vídeos) que mostrem o lugar onde é possível encontrar o criminoso e também o endereço por escrito de onde ele está.
Nesta semana, o Governo do Estado lançou o aplicativo "Segurança Cidadã", que disponibiliza serviços de proteção, promovendo maior facilidade na hora de realizar denúncias em tempo real.
O aplicativo permite o registro de ocorrências e envio de vídeos, fotos e áudios para a Polícia Civil, de forma mais acessível e intuitiva, sem a necessidade de falar diretamente com o atendente, bastando apenas registrar ou enviar os dados da queixa, ou mesmo realizar ligações para a Polícia Militar em caso de emergências.
Uma das vantagens do app é o envio da localização exata da ocorrência, com fotos, vídeos e áudios sobre o fato em evidência, permitindo mais agilidade na comunicação e um maior detalhamento da ocorrência para auxiliar o sistema de segurança no momento do atendimento.
Para acessar o Segurança Cidadã, é necessário ter um dispositivo móvel com tecnologia de dados móveis/Wi-Fi e GPS, em seguida baixar o aplicativo na Play Store. É preciso fazer o cadastro prévio dos seus dados e aceitar a política de privacidade e estará livre para o uso.
Após dois anos, dois seguem foragidos
A última divulgação por parte da Decap com relação aos mais procurados do Rio Grande do Norte havia sido em 2020. De 11 nomes daquela época, dois seguem foragidos: Thiago “Padeiro” Gomes Menezes e Sandro Afonso de Souza Tavares (Magrão).
Vários dos criminosos da época ou foram presos em outros estados ou faleceram em troca de tiros com a Polícia Civil em fugas ou tentativas de prisões. É o caso, por exemplo, de Ranielly Brito de Azevedo (procurado por homicídios), preso em Aracaju, em março de 2021, e de Allan Davydson, que morreu numa troca de tiros na Paraíba. Além deles, Romeu Jácome de Oliveira foi preso num shopping na Bahia em outubro passado. Em seu desfavor, existia um mandado de prisão em aberto, decorrente da prática dos crimes de: tráfico internacional de drogas, associação para o tráfico e organização criminosa.
Segundo a Polícia Civil, Romeu é irmão de Francisco Deus Amor Jácome de Oliveira e Leidjan Jácome de Oliveira, que eram procurados pelos crimes de tráfico de drogas internacional, associação ao tráfico e organização criminosa. Em outubro de 2021, eles trocaram tiros na cidade de Barras/BA e não resistiram. Outro dos irmãos, Samuel Jácome, já havia sido preso em junho, em Sergipe. Os nomes dos quatro irmãos integravam parte da lista dos procurados pela Interpol e, há anos, estavam foragidos. Eles eram irmãos da prefeita da cidade de João Dias.
Conheça os 10 mais procurados do RN
Ruan Tales Silva de Oliveira
Natural de Natal, 33 anos, tem como principal atividade o tráfico de drogas no Rio Grande do Norte e Estados vizinhos, é foragido pelo crime de homicídio e já possui uma condenação por este crime.
Kleber Lucas Paz de Oliveira
é membro do “Novo Cangaço” e atua em quadrilhas responsáveis por ataques a instituições financeiras e carros-fortes. Segundo a Polícia, também atua no tráfico de entorpecentes no Nordeste. Foi citado na Operação Senhor das Armas, que tem como objetivo desarticular uma organização criminosa especializada em comércio ilegal de armas de fogo de grosso calibre. Possui dois mandados em aberto.
Antônio Alcivan Fernandes Júnior
Natural de Caraúbas, 24 anos, também conhecido como Júnior Mangueira ou Macaíba, possui oito mandados de prisão em aberto pelos crimes de homicídio, assalto e porte ilegal de arma de fogo. É suspeito de participar do homicídio do pré-candidato à Prefeitura de Janduís, Netinho de Nilton (PSOL), em abril de 2020, e do cabo da PM Ildônio José da Silva, em 2018, em Caraúbas.
Sandro Afonso de Souza Tavares
Natural de Belém-PA, 35 anos, também conhecido como Magrão, é foragido do presídio de Alcaçuz, desde 2016, e segundo a Polícia Civil, integrante de quadrilha que ataca instituições financeiras, comparsa de Ranielly Brito de Azevedo. Tem um mandado em aberto.
Wedson Ribeiro da Silva
Natalense, 36 anos, é procurado na Região do Mato Grande, onde é conhecido pelas práticas de assaltos e tráfico de drogas. Wedson possui condenação de 14 anos de prisão pelo crime de roubo, porte e posse de armas e tráfico de drogas.
João Vitor Lopes da Silva
Segundo a Polícia Civil, é integrante de uma facção criminosa que atua no RN. Ele é suspeito de ter participado de um atentado que vitimou a filha do PM reformado, Wendel Cortez (Wendel Lagartixa), em agosto de 2021. Na ocasião, João Vitor e Jackson Assis (falecido em agosto) abordaram o ex-PM e tentaram matá-lo, atirando diversas vezes no veículo da família e atingindo a criança. Não possui mandados em aberto junto ao Banco Nacional de Monitoramento de Prisões (BNMP).
Asseandro de Azevedo Ferreira
Natural de Parelhas e conhecido como “Ocean”, é considerado uma das maiores lideranças de uma facção criminosa que atua no RN, tem forte atuação no tráfico de drogas em todo Rio Grande do Norte. Segundo investigações, fugiu do presídio PB1, em setembro de 2018, na fuga em massa de 92 presos. Possui dois mandados de prisão, sendo um deles condenatório com mais de 50 anos de prisão.
Higo Felipe da Silva
Natural de João Dias, 25 anos, é foragido desde 2019, segundo a Polícia Civil, e comete assaltos e tem forte atuação no tráfico de drogas em Parnamirim/RN, onde é tido como liderança de uma facção criminosa que atua em todo o Estado do Rio Grande do Norte. Possui um mandado de prisão em aberto.
Thiago Gomes Menezes
Natural de Natal, 36 anos, é conhecido pela alcunha de Thiago Padeiro, e é procurado por assaltos e suspeito de comandar uma quadrilha especializada em assaltos a veículos de luxo. Preso em 2013, pela Polícia Militar de Parnamirim/RN, numa barreira montada na Avenida Maria Lacerda Montenegro, no bairro de Nova Parnamirim, Thiago Padeiro estava em uma BMW roubada. Segundo a Polícia Civil, Thiago também esteve envolvido num roubo de joias avaliadas em R$ 700 mil no Midway Mall. Atualmente Thiago possui 3 mandados de prisão pendentes de cumprimento.
Élson Alves de Oliveira
Natural de João Pessoa, 39 anos, tem como principal atividade o tráfico de drogas, onde possui conexões em todo Norte-Nordeste. Possui três mandados de prisão.