Jovem estava internado em Hospital Geral de Roraim
Morreu na noite desta quinta-feira (9) o jovem yanomami, de 15 anos de
idade, que testou positivo para a Covid-19 e havia sido internado no
Hospital Geral de Roraima (HGR), em Boa Vista. Desde sexta-feira (3) ele
recebia cuidados em um leito de Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
De acordo com o Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami (Dsei),
que atende a região, ele era natural da aldeia Rehebe, nos domínios da
Terra Indígena Yanomami, mas passou a residir no município de Alto
Alegre, a 87 quilômetros (km) da capital. O motivo da mudança para a
Terra Indígena Boqueirão foi dar continuidade aos estudos do ensino
fundamental. Ainda segundo o Dsei, o adolescente morava com uma
liderança indígena.
Quando o jovem apresentou os primeiros sintomas da Covid-19 foi
atendido no Hospital Municipal de Alto Alegre. Posteriormente, foi
encaminhado ao HGR, já com um um quadro de Síndrome Respiratória Aguda
Grave (SRAG). Ele refez o teste para diagnóstico da Covid-19 e somente a
contraprova detectou a infecção.
Subnotificação
Entidades de defesa da causa indígena, como o Instituto
Socioambiental (ISA) e o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) têm
denunciado a subnotificação de casos da Covid-19 e demonstrado
preocupação quanto ao que isso pode representar de risco para as
comunidades. Ambas alertam que ao menos outros dois indígenas
contaminados pelo novo coronavírus já foram a óbito e que o governo
federal não registrou as ocorrências no balanço. Os indígenas eram uma
mulher da etnia borari, de 87 anos, que morreu em Alter do Chão, no
município de Santarém (PA), e o outro era um homem de 55 anos, do povo
Mura, morto em Manaus.
Os óbitos ocorreram, respectivamente, no dia 19 de março e 5 de
abril. As circunstâncias do falecimento da borari, considerada uma
guardiã local, motivaram o Ministério Público Federal (MPF) a instaurar
um inquérito no último dia 2.
Em comunicado divulgado ontem (9), o Cimi disse que a Secretaria
Especial de Saúde Indígena (Sesai) não contabilizou as duas mortes por
se tratar de indígenas que vivem em contexto urbano.
Na quarta-feira (8), o Ministério da Saúde informou que a Sesai,
responsável pelos Dsei, ainda não havia sido oficialmente comunicada
pelos órgãos responsáveis sobre o caso do yanomami. O ministério
acrescentou que o Dsei tomou conhecimento "por iniciativa própria", por
meio da Vigilância Epidemiológica.
A Fundação Nacional do Índio (Funai) disse que a Sesai não havia confirmado o caso.
Até ontem (9), o relatório do Ministério da Saúde relacionava 24
casos suspeitos da Covid-19 entre a população indígena, três a mais do
que no dia anterior. Já as ocorrências descartadas passaram de 27 para
31.