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segunda-feira, 10 de março de 2025

Conheça a história de Bebetinho, que encontrou no ciclismo uma nova forma de vida Fonte: BLOG DO PKD

Quem passa pelas estradas de terra de Belmiro Braga com destino a Porto das Flores, cidade localizada a cerca de 76 quilômetros de Juiz de Fora, frequentemente encontra pelo caminho alguns ciclistas na prática de mountain bike. Entre eles está Paulo Roberto Paiva Júnior, mais conhecido como “Bebetinho”, de 44 anos. Nascido e criado na região rural de Belmiro, Paulo disputará a sua primeira competição na próxima semana. Porém, por trás de toda sua paixão pelo ciclismo, está uma história de superação de dramas pessoais que tem o esporte como ponto central.

Paulo nasceu no início da década de 1980 e por muito tempo da sua infância viveu na região rural de Belmiro Braga, na Fazenda da Saudade. Para cursar o ensino médio, ele se mudou para Rio Pomba, em 1996. O ciclista decidiu voltar para a fazenda em 1998, logo após se formar na Escola Agrotécnica de Rio Pomba, para poder se juntar ao pai e ao tio em um comércio de cachaça. Porém, esse retorno não foi tão bem sucedido, o que o obrigou a mudar os planos.

“Decidi ir para São João del-Rei. Por alguns anos, minha estadia variava entre a cidade e a fazenda. Voltei em definitivo para o lugar onde fui criado quando minha filha nasceu. Depois disso, ainda passei por Várzea da Palma, Pirapora e Ituiutaba”, relata.
Após passar por várias cidades, Paulo decidiu morar em Juiz de Fora, onde conseguiu se formar em gestão ambiental. Ele trabalhou em lojas, mas teve a vida impactada pela morte do pai, em 2017. Nesse período, o ciclista passou a ter problemas com o uso de bebidas alcoólicas e drogas, o que piorou quando ele foi prensado por uma escavadeira em um barranco, em 2018. “Tudo aconteceu quando um cara, que prestava serviço para mim, estava usando a escavadeira. Entrei por trás dela para tentar resolver outra coisa, mas ela acabou me prensando em um barranco. Minha pelve foi esmagada e o meu intestino, perfurado”, conta. “No dia do acidente eu não tinha dormido pois estava usando entorpecentes, então estava meio anestesiado, não lembro muito (do momento do acidente). Lembro depois. Estava lúcido, consegui coordenar tudo, mesmo chamar a ambulância”.
Devido à perfuração na região do intestino, Paulo passou a usar uma bolsa de colostomia. Nove meses após o acidente, ele tentou fazer a reversão, para enfim deixar de usar o dispositivo. Porém, após o procedimento cirúrgico, as complicações começaram a aparecer. “Quando já estava com meu trânsito intestinal ligado, comecei a desenvolver a fibrose, depois, consequentemente, aderência intestinal. Além disso, nessa primeira reversão, desenvolvi embolia pulmonar. Mas, graças a Deus, não tive sequelas”.

Em meio aos problemas, Paulo voltou ao centro cirúrgico, mas dessa vez para recolocar a bolsa de colostomia. Ele conta que os médicos precisaram de dois dias para conseguir concluir a operação com sucesso. “Operei de novo em 2022, foram duas cirurgias. A primeira aconteceu no dia 23 de dezembro, mas não deu certo. Já na segunda tentativa, no dia 24, conseguiram colocar uma bolsa no intestino delgado”.
Ciclismo como uma forma de descontração
Em meio aos problemas de saúde desenvolvidos após a primeira cirurgia, o ciclismo surgiu na vida de Bebetinho como uma forma de relaxamento. Depois de conseguir reverter toda a cirurgia, sem ter ficado com sequelas, o belmirense passou a dedicar mais tempo ao esporte. Porém, ele conta que o uso de drogas, ainda mantido até então, atrapalhava o seu lazer. Isso o obrigou a tomar uma decisão, que tempos depois seria importante para ele dar mais um passo rumo ao esporte profissional.
“Sempre sentia uma pressão muito grande na cabeça e o coração também ficava meio acelerado. Então procurei o Narcóticos Anônimos (NA), fui em três reuniões, mas, hoje em dia eu, nem frequento mais. A bike que me equilibra.”
Mesmo com a grande relação com a pedalada, ele conta que o grande ponto de virada na sua vida, e que o fez focar de vez no esporte, aconteceu após uma lesão enquanto estava na academia, que o obrigou a ficar de repouso por uma semana. “Isso foi o divisor de águas na minha vida. Depois desse tempo concentrado comigo mesmo, tudo mudou.”

Futuro no esporte
Hoje, Bebetinho mantém o entusiasmo com o ciclismo. Em 2025, em apenas três meses, ele pedalou cerca de 4.300 quilômetros, distância suficiente para uma viagem de ida e volta de Juiz de Fora a Porto Alegre.

A primeira experiência no ciclismo profissional do belmirense acontecerá no próximo domingo (16), quando ele participará do Circuito Sul-Fluminense de Mountain Bike, realizado pela Federação de Ciclismo do estado do Rio de Janeiro (Fecierj), e que será disputado em Rio das Flores (RJ). Para o futuro, Paulo já projeta quais são os seus planos na modalidade. “A minha vida de competição começa agora. Então, vai ser uma etapa mais curta, mas pretendo sempre seguir evoluindo e crescendo no ciclismo. Minha maior pretensão, se Deus quiser, é ser campeão brasileiro”.
O ciclista destaca que uma das principais dificuldades no meio desse caminho é a questão financeira. Para driblar este problema, ele está em busca de patrocinadores. “Não tenho recursos para conseguir me manter nesse esporte por muito tempo, mas vou batalhando devagarinho, passo a passo, para conseguir alguns patrocinadores e terminar essa caminhada com o meu objetivo alcançado.”

Já na vida pessoal, Bebetinho afirma que pretende tentar reverter a cirurgia da sua bolsa de colostomia. Ele afirma que apenas aguarda a cola sair totalmente da região onde foi instalada a bolsa, para conseguir dar seguimento ao processo. “Estou bem otimista e também controlo toda minha emoção em cima da bike.”
Fonte: BLOG DO PKD 

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